Papais e mamães gastaram nota preta para que as meninas passassem um ano
na Europa. Imaginavam, porque todos lhes diziam isso, que essa coisa de
intercâmbio cultural é de máxima importância para quem pretende ascender na
vida. Coisa de gente do “primeiro mundo”. Ricos não eram, mas queriam o bem das
meninas. Não pouparam esforços para lhes fazer a vontade. Fizeram.
E as meninas, duas primas, voltaram deslumbradas com o que viram, após
um ano de Europa.
-- Gente, lá é demais, demais mesmo. Tem cada feirinha de artesanato. É
de arrepiar – repetia Clarinha a cada cinco minutos. Muito melhor que a Feira da Madrugada.
Norminha é mais sofisticada intelectualmente que a prima. Sempre foi. Adora
culinária:
-- A melhor pizza é a da Itália. Muito boa mesmo.
Um dos irmãos quis saber o que elas tinham achado dos museus.
Não acharam
nada. Não tinham ido a nenhum deles.
-- Você acha que a gente ia gastar uma grana alta, pra ver coisa velha?
Mano, se liga! – disse Clarinha, com o endosso entusiasmado da prima.
Os pais concordaram com as meninas.
Ora, pra ver coisa antiga, melhor ir ao museu do Ipiranga. Ou não?
Já vi muito rico viajar só para tirar fotos. Não lembram de um ponto turístico visitado. Vão mais para fazer compras. Viagem é sinal de riqueza e afetação. Só para dizer que conhecem. Faz parte da "cultura" da criatura. Muito boa a crônica , como tudo que você escreve. Parabéns
ResponderExcluirÉ isso mesmo, Ruth. Obrigado pela presença e pelo comentário.
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