sexta-feira, 7 de março de 2014

DUAS PRIMAS EM PARIS

Papais e mamães gastaram nota preta para que as meninas passassem um ano na Europa. Imaginavam, porque todos lhes diziam isso, que essa coisa de intercâmbio cultural é de máxima importância para quem pretende ascender na vida. Coisa de gente do “primeiro mundo”. Ricos não eram, mas queriam o bem das meninas. Não pouparam esforços para lhes fazer a vontade. Fizeram.

E as meninas, duas primas, voltaram deslumbradas com o que viram, após um ano de Europa.

-- Gente, lá é demais, demais mesmo. Tem cada feirinha de artesanato. É de arrepiar – repetia Clarinha a cada cinco minutos. Muito melhor que a Feira da Madrugada.

www.eduardoodloak.com.br

Norminha é mais sofisticada intelectualmente que a prima. Sempre foi. Adora culinária:

-- A melhor pizza é a da Itália. Muito boa mesmo.    

Um dos irmãos quis saber o que elas tinham achado dos museus. 

Não acharam nada. Não tinham ido a nenhum deles.

-- Você acha que a gente ia gastar uma grana alta, pra ver coisa velha? Mano, se liga! – disse Clarinha, com o endosso entusiasmado da prima.

Os pais concordaram com as meninas.

Ora, pra ver coisa antiga, melhor ir ao museu do Ipiranga. Ou não?



2 comentários:

  1. ruth.eppinger@terra.com.br7 de março de 2014 às 20:50

    Já vi muito rico viajar só para tirar fotos. Não lembram de um ponto turístico visitado. Vão mais para fazer compras. Viagem é sinal de riqueza e afetação. Só para dizer que conhecem. Faz parte da "cultura" da criatura. Muito boa a crônica , como tudo que você escreve. Parabéns

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    1. É isso mesmo, Ruth. Obrigado pela presença e pelo comentário.

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