terça-feira, 25 de março de 2014

CLÓVIS CAMPÊLO

BOM DIA, MULHER ARANHA!


Bom dia, mulher aranha!
Mais uma vez tecendo a sua teia,
como é da natureza de todas as aranhas.

Dizem que o canto das aranhas
é mais poderoso do que
o canto das sereias.

Acredito!
Eu mesmo já me sinto
irreversivelmente por ele
envolvido.

De nada adiantou aumentar
o volume dos Stones na vitrola.

De nada adiantou o grito aflito
da buzina do meu carro.

De nada adiantaram os
três apitos da fábrica de tecidos
ferindo os meus ouvidos.

Rendo-me e peço clemência.
Submeto-me ao encantamento
da doce melodia.
Mergulho na rede com a certeza
do inelutável e do ineludível.

Mais uma vez,
o futuro me absolverá!


(Recife, 2006)






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