A alegria de Ananias, nosso jornalista em fim de carreira, durou pouco.
Como sempre faz nas horas de tristeza, ela procurou o ombro amigo do Velho
Marinheiro.
-- O que houve agora, Ananias?
-- Fui convidado para dar assessoria de imprensa a um vereador
recém-eleito. Fui bem recebido por ele, não posso negar. Eu lhe entreguei meu
currículo, conversamos sobre como seria desenvolvido o trabalho etc. Estava
tudo certo. Ia começar a trabalhar na segunda. Mal entrei em casa, tocou o
celular. Era a secretária dele.
-- E daí? O que ela queria? – quis saber o Lobo do Mar.
-- Ela me disse que, infelizmente, o vereador havia mudado de ideia, que
precisava do cargo para abrigar a filha de um cabo eleitoral, sei lá. Acho que
os demais assessores não foram com minha cara. Queriam saber se eu era amigo de
figurões do jornalismo, de gente que não dá a mínima para o que acontece na
Câmara Municipal.
-- E você lhes disse o quê?
-- Eu lhes disse a verdade, Velho Marinheiro: que só conheço essa gente
pela televisão. Tentei lhes explicar que o trabalho de assessoria... Acho que
eles fizeram a cabeça do vereador. Só pode ser isso. Não esconderam a decepção
que tiveram comigo.
-- Seu mal é esse, Ananias: você se explica demais. E o que disse à
secretária, quando recebeu a notícia.
-- Que lamentava, mas que desejava boa sorte a todos.
-- Fez muito mal. Deveria ter-lhe dito: “Querida, soube que o vereador
não é amigo da cúpula do PCC. Também estava pensando em desistir do emprego.
Não trabalho para amadores.”
Nós sabemos que é a mais pura realidade. O emprego é dado para cobrir promessas de campanha e garantir futuras colaborações. Na minha trajetória profissional aprendi porque vivi isso, a chefia tem muito medo de concorrência, principalmente no quesito capacidade. Na maioria a chefia está lá porque houve o QI e não por capacidade. Mas a sugestão do meu querido Velho Marinheiro foi M A R A V I L H O SA.
ResponderExcluirObrigado, Ruth, pelo comentário.
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