segunda-feira, 29 de junho de 2015

QUASE HISTÓRIAS (LIII)

Imagem: YouTube


O GALO SE FOI

Como podia, num lugar daquele, prédios de um lado e outro, alguém ter galo? É certo que algumas casinhas, poucas, muito poucas, com quintal, resistiam ao assédio das incorporadoras. Sorte do galo. Azar o meu. Acordava às quatro com o galo madrugador. Cansei, resolvi dar o troco. Acordava antes das quatro, imitava o galo para o galo acordar. Ele retrucava. Vigoroso. O dono do galo se foi. Os filhos venderam a casa. O galo, dizem, virou prato. E eu não canto mais pra seu ninguém. 


NO DIVÃ DO PACOVÁ

- É insuportável estar certo, sempre certo, doutor. Até porque certo de tudo ninguém está. Nem o senhor.

-- Lamento muito lhe dizer isso, Almerindo: vamos ter que continuar com as sessões.

***

-- Almerindo, Almerindo: posso, se tanto, dar um jeito nessa sua cabeça arruinada. Nada mais que isso, meu caro. Agora, quando, na sua idade, a mulher (de anos) quer discutir a relação... Melhor procurar um especialista em impotência. Viagra talvez resolva. Não sei.

***

-- Almerindo, você confunde muito as coisas. Não sou eu a pessoa mais indicada pra lhe dizer de qual cor você deve pintar esses cabelos ralos. Francamente. Acaju ou preto retinto? Sei lá. Pergunte a seus colegas, à sua amante...

-- Sua amante, não! Ele é homem de respeito. E viril. PM da Rota.



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