De Dominguinhos/Gilberto Gil
Abri
a porta
Apareci
A
mais bonita
Sorriu
pra mim
Naquele
instante
Me
convenci
Que
o bom da vida
Vai
prosseguir
Vai
prosseguir
Vai
pra lá do céu azul
Onde
eu não sei
Lá
onde a lei
Seja
o amor
E
usufruir do bom, do bem e do melhor
Seja
comum
Pra
qualquer um
Seja
quem for
Abri
a porta
Apareci
Isso
é a vida
É a
vida, sim
QUEM ME LEVARÁ SOU EU
De Dominguinhos/Manduka
Amigos
a gente encontra
O
mundo não é só aqui
Repare
naquela estrada
Que
distância nos levará
As
coisas que eu tenho aqui
Na
certa terei por lá
Segredos
de um caminhão
Fronteiras
por desvendar
Não
diga que eu me perdi
Não
mande me procurar
Cidades
que eu nunca vi
São
casas de braços a me agasalhar
Passar
como passam os dias
Se o
calendário acabar
Eu
faço voltar o tempo outra vez, sim
Tudo
outra vez a passar
Não
diga que eu fiquei sozinho
Não
mande alguém me acompanhar
Repare,
a multidão precisa
De
alguém mais alto a lhe guiar
Quem
me levará sou eu
Quem
regressará sou eu
Não
diga que eu não levo a guia
De
quem souber me amar
campoverdenews.com.br
Depoimento:
Dominguinhos foi
um exemplo de vida
ASSIS ÂNGELO (*)
ESPECIAL PARA A
FOLHA (23/07/2013)
Eu conheci Dominguinhos sanfoneiro, de batismo José Domingos de
Moraes, faz tempo. Faz tempo também que conheci Luiz rei do baião, Gonzaga do
Nascimento. Conheci Dominguinhos depois de Luiz.
Lembro que uma vez eu disse a Luiz que iria escrever um livro a seu
respeito.
Anos 1980. Luiz, que eu chamava de Gonzaga, caiu na gargalhada:
"E eu mereço?". E a gargalhada rebombou no ar. Contei isso a
Dominguinhos e ele também gargalhou. E disse: "Tá vendo? É assim o seu
Luiz".
Eu nunca chamei Gonzaga de seu Luiz. E Dominguinhos achava graça
nisso, por eu não chamar Luiz de seu Luiz. E ele dizia: "Só você, Assis,
faz isso"
Gonzaga e Dominguinhos eram também espontâneos; carne e unha, um e
outro, no peito, na fala, no pensamento, no dizer no saber de um e outro.
Gonzaga nunca teve filho. Dominguinhos teve. Quando Dominguinhos
resolveu casar, com 17 anos, Gonzaga estrilou, "eu vou deserdar
você!". Prestem atenção na frase e na exclamação.
Dominguinhos viveu a vida aprendendo as notas de todas as sanfonas,
desde a primeira. E foi de Luiz Gonzaga a primeira sanfona de qualidade que
caiu no peito de Dominguinhos, e que ele carregou por toda a vida.
Dizer mais o que sobre Dominguinhos? Dominguinhos foi um cara legal,
como lhe ensinou seu mestre Luiz Gonzaga. Dominguinhos jamais disse não a quem
quer que seja, que o procurasse pedindo para tocar num disco, por exemplo.
Dominguinhos foi incrível, um exemplo de vida. Um cara e tanto.
Eu acho que todos os forrozeiros estão de luto; o Brasil e mais:
todos os forrozeiros de hoje e sempre gostariam de ser Dominguinhos. Por isso,
Dominguinhos vive. Por isso, Luiz Gonzaga Vive. Sucessor? Todos os forrozeiros
o são. Viva Dominguinhos!
ASSIS ÂNGELO é
autor do livro "Lua Estrela Baião, A História de um Rei" (ed. Cortez)
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário