quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

HORA DA VITROLA: DOMINGUINHOS (4/5)




ABRI A PORTA
De Dominguinhos/Gilberto Gil

Abri a porta
Apareci
A mais bonita
Sorriu pra mim

Naquele instante
Me convenci
Que o bom da vida
Vai prosseguir

Vai prosseguir
Vai pra lá do céu azul
Onde eu não sei
Lá onde a lei
Seja o amor

E usufruir do bom, do bem e do melhor
Seja comum
Pra qualquer um
Seja quem for

Abri a porta
Apareci
Isso é a vida
É a vida, sim







QUEM ME LEVARÁ SOU EU
De Dominguinhos/Manduka

Amigos a gente encontra
O mundo não é só aqui
Repare naquela estrada
Que distância nos levará

As coisas que eu tenho aqui
Na certa terei por lá
Segredos de um caminhão
Fronteiras por desvendar

Não diga que eu me perdi
Não mande me procurar
Cidades que eu nunca vi
São casas de braços a me agasalhar

Passar como passam os dias
Se o calendário acabar
Eu faço voltar o tempo outra vez, sim
Tudo outra vez a passar

Não diga que eu fiquei sozinho
Não mande alguém me acompanhar
Repare, a multidão precisa
De alguém mais alto a lhe guiar

Quem me levará sou eu
Quem regressará sou eu
Não diga que eu não levo a guia
De quem souber me amar


campoverdenews.com.br



Depoimento:
Dominguinhos foi um exemplo de vida
ASSIS ÂNGELO (*)
ESPECIAL PARA A FOLHA (23/07/2013) 

Eu conheci Dominguinhos sanfoneiro, de batismo José Domingos de Moraes, faz tempo. Faz tempo também que conheci Luiz rei do baião, Gonzaga do Nascimento. Conheci Dominguinhos depois de Luiz.

Lembro que uma vez eu disse a Luiz que iria escrever um livro a seu respeito.

Anos 1980. Luiz, que eu chamava de Gonzaga, caiu na gargalhada: "E eu mereço?". E a gargalhada rebombou no ar. Contei isso a Dominguinhos e ele também gargalhou. E disse: "Tá vendo? É assim o seu Luiz".

Eu nunca chamei Gonzaga de seu Luiz. E Dominguinhos achava graça nisso, por eu não chamar Luiz de seu Luiz. E ele dizia: "Só você, Assis, faz isso"

Gonzaga e Dominguinhos eram também espontâneos; carne e unha, um e outro, no peito, na fala, no pensamento, no dizer no saber de um e outro.

Gonzaga nunca teve filho. Dominguinhos teve. Quando Dominguinhos resolveu casar, com 17 anos, Gonzaga estrilou, "eu vou deserdar você!". Prestem atenção na frase e na exclamação.

Dominguinhos viveu a vida aprendendo as notas de todas as sanfonas, desde a primeira. E foi de Luiz Gonzaga a primeira sanfona de qualidade que caiu no peito de Dominguinhos, e que ele carregou por toda a vida.

Dizer mais o que sobre Dominguinhos? Dominguinhos foi um cara legal, como lhe ensinou seu mestre Luiz Gonzaga. Dominguinhos jamais disse não a quem quer que seja, que o procurasse pedindo para tocar num disco, por exemplo.

Dominguinhos foi incrível, um exemplo de vida. Um cara e tanto.

Eu acho que todos os forrozeiros estão de luto; o Brasil e mais: todos os forrozeiros de hoje e sempre gostariam de ser Dominguinhos. Por isso, Dominguinhos vive. Por isso, Luiz Gonzaga Vive. Sucessor? Todos os forrozeiros o são. Viva Dominguinhos!

ASSIS ÂNGELO é autor do livro "Lua Estrela Baião, A História de um Rei" (ed. Cortez)




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