domingo, 22 de novembro de 2015

UM HOMEM DE CORAGEM

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Ananias conversava com um conhecido, quando o Velho Marinheiro entrou no bar do Carneiro. Cumprimentou o estranho com seu jeito inconfundível, mais pra seco que pra formal. Sentou-se à mesa, pediu o de sempre e, sem dizer palavra, passou a ouvir – com certo espanto – a falação do homem, um sujeito de cinqüenta e poucos anos.

-- Tenho minhas razões, caro Ananias, para evitar médicos. Todos eles, sem nenhuma exceção, são incapazes de fazer um diagnóstico sem lhe pedir exame de sangue.

-- Qual é o problema? – quis saber Ananias.

-- O problema é que passo mal. Da última vez, coisa de quinze dias atrás, tive que ser carregado até o carro pela minha mulher e minha filha grávida. Dei um trabalho danado. Depois do exame, passo uns três dias de cama. Não posso ver sangue.

O Velho Marinheiro entrou na conversa:

-- Conheci um sujeito assim. Até hoje não se sabe se ele tinha distúrbio mental. Ou se era medroso mesmo, um cagão. O senhor é religioso?

-- Claro – lhe responde o visitante. Católico fervoroso.

-- Pois então, o senhor deveria se ajoelhar três vezes ao dia e agradecer a Deus por ter nascido homem.

-- Não entendi.

A essa altura, o suor já brotava na testa de Ananias. O Velho Marinheiro tratou de explicar o porquê de sua observação:

-- Se o senhor tivesse nascido mulher, não estaria hoje aqui.

-- Por quê?

-- Com tanta coragem, não teria sobrevivido à menarca. 



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