UM TAL DE FLÁVIO QUE ILUMINA O FORRÓ
Lá vem o cavaleiro-sertão chamado Flávio descendo do reino do Claranã
para alumiar com luzes azuis e de todas as cores o céu do Bodocó e de outros
lugares, encantando rainhas e plebeus que gostem do que é bom. Ele se achega
com seu aboio cantante e cativante, tão agreste quanto universal, tão mundo e
tão aldeia, catingueiro e cheio de uma pureza das que só se encontra na alma do
povo que habita aquelas bandas de lá. Que bom que existam esses Leandros num
sertão próximo-distante pra fazer o povo ser feliz e se orgulhar de suas coisas
belas, cantar seus bens e espantar os males que um dia haverão de não mais
existir. Segue tua sina, cabra do sertão, conhecedor das grutas e dos
caldeirões araripenses, cantador verdadeiro das verdades do sol quente, Poeta
dos nossos, sem tirar nem pôr; solta tua voz e canta o teu verso sabendo que
juntinho de Nosso Senhor um rei de pela escura, sanfona no peito, voz e jeito
de quem sabe das coisas, estará se orgulhando do jardineiro que continua
aguando a semente que um dia ele plantou e que, por serem bons, semente e
jardineiro, floresce e enflorará.
Xico Bizerra, numa quase noite de um Janeiro recém-brotado, admirando a
lua se refletir no mar ainda azul de Candeias.
– Texto escrito em Janeiro 2011 para o encarte do CD de Flávio Leandro –
CHEIRO DE NÓS e já publicado neste JBF. Mas, por sua atualidade, continua
valendo mais que nunca e serve como como convocação para a gravação do DVD do
Poeta, em Petrolina, dia 07 de novembro de 2015.
Xico Bizerra é compositor, poeta, cronista e produtor musical. Tem mais de 270 composições gravadas http://www.forroboxote.com.br/ |
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