O
FORTE DAS CINCO PONTAS
(Por
Clóvis Campêlo) Segundo matéria do coronel Paulo Roberto
Rodrigues Teixeira, publicada na revista Da Cultura nº 20, e disponível no site
da Funceb, o Forte de São Tiago das Cinco Pontas foi construído pelos
holandeses em 1630 e está localizado no bairro do São José, no Recife.
Ainda segundo o mesmo autor,
tratava-se de um forte de forma pentagonal com seus cinco baluartes, daí haver
recebido esse nome. Dispunha de um fosso largo e uma forte contraescarpa.
Diante dele haviam hornaveques (obra de fortificação avançada, composta de dois
meios baluartes, ligados por uma cortina). Possuía ainda oito canhões de
bronze.
Depois, passou a ser chamado
de Forte de São Tiago, mas também era conhecido como forte das cacimbas, pois
protegia as cacimbas de água doce que existiam na área e que serviam para
abastecê-lo e abastecer a cidade naquela época.
Em 1684, já sob o domínio dos
portugueses, foi reconstruído em alvenaria e pedra, sob o comando do engenheiro
militar português Francisco Correia Pinto, quando perdeu um dos baluartes,
passando a ter a forma quadrangular que apresenta até hoje.
Ainda segundo o texto acima
citado, ao lado do forte há um paredão histórico onde, em 13 de janeiro de
1825, foi arcabuzado o religioso carmelita Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.
Junto ao paredão, ficava a forca onde deveria morrer o célebre mártir
pernambucano.
Segundo a pesquisadora Semira
Adler Vainsencher, em texto publicado no site da Fundação Joaquim Nabuco,
construída pelos holandeses em taipa sobre um solo alto, e dominando por
completo o porto do Recife, a fortaleza possuía como padroeira Nossa Senhora da
Assunção. Confirma ainda a proximidade do forte com as cacimbas de água potável
de Ambrósio Machado, um abastado senhor de engenho da ilha de Antônio Vaz, em
decorrência do que também era chamado de Forte das Cacimbas de Ambrósio Machado
e de Forte das Cacimbas das Cinco Pontas.
Ainda segundo a
historiadora, quando, sob o comando de João Fernandes Vieira, foi retomado
pelos portugueses, o Forte das Cinco Pontas, em seu inventário oficial, contava
com 17 canhões de calibre 2 a 24, dois alfanges de cortar cabeças e vários
outros apetrechos bélicos.
Ainda segundo Semira, o
forte possuía subterrâneos que serviam de prisão, os quais foram demolidos em
1822 por ordem de Gervásio Pires Ferreira, então dirigente da Junta do Governo
Provisório de Pernambuco. Em 1935, aliás, o escritor alagoano Graciliano Ramos
foi prisioneiro no Forte, episódio por ele citado no livro Memórias do Cárcere.
CLÓVIS CAMPÊLO |
Em 1982, Gustavo Krause,
então prefeito do Recife, instalou no forte o Museu da Cidade do Recife, que
possuí um vasto e importante acervo iconográfico, recolhido em Pernambuco e em
Portugal, além de pinturas de Franz Post, as portas entalhadas em madeira de
lei da Igreja dos Martírios (demolida nos anos 60 pelo prefeito Augusto Lucena
para a construção da avenida Dantas Barreto) e, entre vários outros objetos e
documentos históricos, uma chave simbólica, em ouro e prata, entregue a Dom
Pedro II, por ocasião da sua visita ao Recife em 1859.
Fotografias: Clóvis Campêlo - julho/2015
Recife,
setembro 2015
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