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O “IMPREVISTO”
(Por Violante Pimentel)
Jordel, um aluno de 12 anos, muito insubordinado e completamente desprovido de
inteligência, foi reprovado por duas vezes, num colégio público de uma cidade
do interior. Não sendo mais aceito, sua mãe colocou-o, então, numa aula
particular, dirigida por Dona Marisa, uma antiga professora da cidade. Muito austera, a professora ainda
utilizava os antigos métodos de ensino, punindo os alunos com "bolos"
de palmatória nas mãos, privação da hora da merenda, e permanência de joelhos
em caroços de milho.
A
professora se empenhou em ensinar Jordel a ler, e a lhe transmitir bons hábitos
de educação, mas a luta foi inglória. O comportamento insubordinado do aluno
superava a paciência e a habilidade da professora, apesar da sua experiência no
magistério. O aluno perturbava o ambiente da sala de aula, provocando os
colegas e ridicularizando a mestra. Chegava ao ponto de atirar-lhe bolinhas de
papel, enquanto a mesma, de costas para os alunos, escrevia no quadro-negro.
Escondia o material da sala de aula, como apagador e giz, o material escolar
dos colegas, e também o lanche.
Depois
de três meses, a professora atingiu seu limite de tolerância e mandou chamar a
mâe do aluno, Dona Laura, para pedir-lhe que procurasse outra escola para
Jordel. Expôs a situação à mulher e contou-lhe que o comportamento do seu filho
estava atrapalhando as aulas. Prejudicava, inclusive, o aprendizado dos
colegas. A professora também disse à mãe
do aluno que passara a ter crises de hipertensão, pelas contrariedades diárias
que estava tendo com ele.
Muito
contrariada, Dona Laura mudou-se para Natal com o filho, conseguindo para ela
um emprego de merendeira numa escola municipal. Jordel não continuou os
estudos, e, quando se tornou rapaz, conseguiu um trabalho na limpeza de um
hospital.
Vinte
anos depois, a antiga professora, Dona Marisa, sofreu um AVC, e veio com
urgência para o melhor hospital de Natal, onde foi submetida, com sucesso, a um
procedimento cirúrgico melindroso. O médico que a operou estava radiante com o
êxito da cirurgia. Depois de passar dois dias na UTI, a paciente foi
transferida para um apartamento do hospital. A professora sorriu ao ver o
semblante de satisfação do médico que a operou.
Entretanto, durante a visita médica, inesperadamente, a paciente sofreu
uma parada cardíaca, e foi a óbito. Tudo aconteceu em poucos minutos. De nada
adiantaram os esforços médicos para tentar salvá-la.
Violante Pimentel é procuradora aposentada do Estado do Rio Grande do Norte |
Dr.
Eleno, desesperado, procurava uma explicação para o ocorrido e não encontrava.
De repente, o médico olhou para o lado e percebeu no chão o plugue onde estavam
ligados os equipamentos hospitalares, que davam suporte à vida da paciente,
inclusive a máscara de oxigênio. Em seu lugar, estava ligado outro plugue,
pertencente ao aspirador de pó, que estava sendo usado no corredor do hospital.
Por
coincidência, o encarregado da limpeza, "sem querer", tinha trocado o
plugue que estava na tomada. Esse faxineiro era o ex-aluno Jordel. O caso foi
abafado.
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