quinta-feira, 22 de outubro de 2015

QUASE HISTÓRIAS (XCVI)



PÊSSEGOS EM CALDA

Na casa de vocês, não sei, mas não deve ser muito diferente. Na minha, ninguém bebe água. O que ali se ingere em doses industriais é suco (natural, em pó ou em caixinha) e refrigerante. H2O só industrializada, com sabor disso ou daquilo. É um desconchavo. A exceção fica por conta desse escriba bissexto, que adora água gelada. Em especial, na manhã seguinte, se me entendem. Sejamos justos: a Coca-Cola estupidamente gelada também tem muita serventia “nessas” ocasiões, a exemplo do chá de boldo morno.

Sou do tempo do KI-SUCO. Depois, aderimos à saborosa tubaína, que continua fazendo muito sucesso na periferia, como tenho atestado em minhas andanças quase jornalísticas. Quando a situação melhorou um pouco (pouquinho que só), partimos para a Coca família, de um litro – presença quase obrigatória em nossa mesa no domingo posterior ao dia do pagamento do pai. Depois, voltávamos à rotina: KI-SUCO, tubaína e groselha, quando dava para comprar. No mais das vezes, era água mesmo, purinha da silva.

No domingo especial, consumíamos com notável satisfação e sofreguidão ímpar a Coca família – cujo lema deveria ser: um litro para todos! –, o frango ensopado e o macarrão. Como sobremesa, pêssegos em calda. Não como pêssego em caldas há cinquenta anos, ou há quase isso. Talvez não queira correr o risco de constatar que eles não são tão bons quanto minhas lembranças fantasiam.  Para arrematar: quem toma Grapete repete. (2013)







2 comentários: