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Nunca
se teve notícia de homem tão feio e sortudo. Veio do nada, fez fortuna. Por
mais que filhos, netos, bisnetos, noras, genros e amantes torrem o que ele
deixou, há dinheiro para quase um século de irresponsabilidades.
Sempre
foi uma espécie de Midas brasileiro.
Não
se tem notícia de empreendimento seu que não tenha dado certo. Não por acaso,
ficou conhecido, virou capa de revistas, “rei” disso e daquilo, presença
infalível nas festas do mundo chique. Jamais perdeu oportunidades. A seu ver,
tudo poderia ser bom negócio. E era. Para ele.
O
segredo? Azeitar as máquinas – públicas e privadas. Jamais descuidou de
contratar gente especialista na podre arte de corromper. Nunca se arrependeu
dos investimentos feitos.
Pragmático,
“doutor” Tenório se acostumou a engolir sapos, sapos enrolados em arame
farpado. Só não tolerava a mentira. Tinha à sua disposição as mais belas putas
do mercado. Gozador, dizia aos retratistas da imprensa de caras e bocas, em tom
jocoso, que as “meninas” saiam com ele por amor.
“Doutor”
Tenório só não admitia, ao menos na cama, a hipocrisia:
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Querida: não grite, não simule prazer inexistente. Também não precisa me dizer
a verdade. Afinal, o silêncio está embutido no preço. (OS)
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