terça-feira, 30 de dezembro de 2014

CLÓVIS CAMPÊLO

O TEMPO NÃO PARA!





38 anos, 40 quilos e muitos cabelos brancos separam as duas fotografias acima.

A primeira foi feita pelo meu amigo José Arimateia, que hoje mora em Atibaia, São Paulo, numa tarde do ano de 1972.

A segunda foi feita por outro amigo, Aristóteles Coelho, em dezembro de 2010, pela manhã.

Não sei se conseguimos, mas a idéia era mostrar como o tempo transformou a mim e a paisagem urbana do local, na orla de Brasília Teimosa, no Recife.

UM POUCO DE HISTÓRIA

A comunidade de Brasília Teimosa surgiu no final dos anos 50 e início dos anos 60 do século passado, quando a drenagem da bacia do Rio Pina aterrou uma área de mangue que ficava entre o mar e o rio.

No novo areal, o povo pobre e sem ter onde morar começou a construir barracos e a ocupar de forma irregular os espaços vagos.

Durante a noite os barracos eram levantados por eles e derrubados, durante o dia, pela polícia.

Como na época estava sendo construída no Planalto Central do Brasil a cidade de Brasília, que viria a ser a nova capital federal, a insistência e teimosia do povo necessitado logo levou a nova favela a ser batizada com o nome de Brasília Teimosa.
O povo venceu e, ao longo dos anos, a ocupação foi sendo regularizada e urbanizada pelos poderes constituídos.

No ano 2000, numa eleição surpreendente, o Partido dos Trabalhadores elegeu João Paulo de Lima e Silva como o seu primeiro prefeito no Recife. De origem humilde, filho de um cobrador de ônibus, ex-metalúrgico e um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores e do PT no Estado de Pernambuco, João Paulo enfrentou muitas dificuldades nos dois primeiros anos do seu mandato municipal, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso.

Quando Lula se elegeu presidente em 2002, a coisa mudou e a cidade do Recife passou a ter um tratamento diferenciado. O bairro de Brasília Teimosa foi um dos mais beneficiados, com um projeto de reurbanização da orla, com a retirada dos palafitas e barracos que ainda existiam e com a criação da Avenida Brasília Formosa.

Portanto, a mudança desse cenário, onde eu me insiro com muito orgulho, faz parte da história do Recife, de Pernambuco e do Brasil.




Recife, 2011

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