PERDÃO AMIGO: CHEGUEI A PENSAR QUE VOCÊ ERA UM GRANDE FDP |
Durante alguns poucos anos (até os
sete, talvez) , ouvia da mãe e do pai que se fizesse (ou não fizesse,
dependendo do caso) isso ou aquilo, Papai Noel não “viria”. Ou seja: o velhote
barbudo e suas renas iriam me largar na mão, sem presente algum, em pleno Natal.
Pura chantagem.
O jeito era tomar a benção da
madrinha e do padrinho, evitar palavrões, suportar sem pio a injeção no
traseiro. Não foram poucas vezes em que pai e mãe me incentivaram a escrever
cartas para o “amigão” das crianças. Fazia meus pedidos e recebia algo
completamente diferente do que desejava. Eu lhe pedia um triciclo e recebia uma
peteca. Eu lhe rogava um autorama e lá vinha uma bola de plástico.
Pai e mãe vinham sempre com a mesma conversa
mole: “Papai Noel está pobre, este ano”. Até aí, tudo bem. Estava acostumado
com a vida dura. O que não conseguia entender era por que o vizinho sempre
recebia presentes melhores que os meus. Que diabos! Este velho só pode estar de
sacanagem comigo. Todo ano a mesma ladainha? Que seletividade é esta? Fui
tomando uma ojeriza pelo velho que só eu sei. Só não rompi relações porque,
afinal, uma peteca é melhor que nada.
A RADIO ROCK |
Certo dia, aflitos com meu
inconformismo, mãe e pai abriram o jogo: “Papai Noel não existe, filho”. Recebi
a “bomba” com alívio. Minha ira mudou de foco. Até hoje não consigo compreender
as razões que levam pais a fazer o filho acreditar numa “mentira” e a sentir
bronca da “mentira”, para depois dizer a ele que a “mentira” nunca existiu.
Vão puxar trenós.
Gostei muito da crônica, Orlando Silveira! Muito verdadeira e oportuna! Parabéns!
ResponderExcluirEssa fantasia de Papai Noel trazia muita decepção às crianças, no momento em que lhe revelavam que era tudo mentira, e que o bom velhinho não existia. Ainda bem que hoje é diferente...
Um abraço.
Violante Pimentel