O PRESENTE DE
NATAL
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Era a semana do Natal. Não havia ainda Shopping Center na cidade. O
comércio fervilhava de pessoas, pondo em prática o consumismo que a época
impõe, com a compra de presentes e outros apetrechos para as festas de fim de
ano. A melhor sapataria da cidade, "Damião Calçados", encontrava-se
repleta de clientes.
O proprietário, já idoso, gostava de atender à clientela e não
parava de supervisionar o atendimento, feito pelos filhos e alguns empregados.
A esposa tomava conta do caixa.
A tarde era de grande movimento.
De repente, Seu Damião viu entrar na sua sapataria um cliente
desconhecido, de ótima aparência, bem vestido e educado, querendo comprar
sapatos da melhor qualidade. Com ele, estava um garoto franzino, que aparentava
ter uns dez anos de idade.
Com a delicadeza que lhe era peculiar, o dono da sapataria atendeu
ao cliente, mostrando-lhe sapatos macios e confortáveis, de excelente marca. O
homem provou os sapatos que lhe foram mostrados, dando alguns passos, para
sentir quais seriam os mais confortáveis. Enquanto isso, o garoto também
provava alguns sapatos, e escolhia os melhores.
Atendendo ao chamado da esposa, Seu Damião se afastou um pouco, mas
voltou imediatamente, para saber a decisão do cliente diferenciado e do garoto.
Nessas alturas, a loja estava lotada e Seu Damião apressava-se para
concluir aquele atendimento, pois outros clientes aguardavam a vez de serem
atendidos.
Quando se preparava para tirar a nota de compra dos calçados, o dono
da sapataria olhou em volta, e não viu mais ali o novo cliente, mas apenas o
garoto, que tinha nas mãos o par de sapatos que escolhera. E o homem, então,
perguntou:
- Menino, onde está seu pai, que estava aqui, agora mesmo,
experimentando um par de sapatos pretos?
E o garoto, assustado, respondeu:
- Aquele homem não é meu pai, não! Eu estava lá na outra rua, ele me
chamou e me perguntou se eu queria receber um par de sapatos de presente de
Natal. Como eu sou pobre, fiquei muito contente e vim com ele comprar meu
presente.
O vigarista deixou na sapataria seus sapatos surrados, e fugiu, levando nos pés um par de sapatos
novos, de excelente marca.
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