Era, segundo familiares, marido à frente, um fenômeno, muito embora ela não entortasse garfos e colheres com o olhar, como aquele paranormal israelense, que fez grande sucesso anos atrás.
Pra lá de Bagdá, o marido pediu a penúltima e abriu
o jogo:
-- Zeca: hoje, de novo, não vou dormir em casa.
-- Por quê? - quis saber o colega de copo.
-- Pra não estragar o negócio da minha mulher.
-- Como assim? - insistiu o curioso, após mais uma
talagada profissional.
-- Do jeito que o povo gosta de falar... Vão dizer
que minha mulher não é de nada, que não consegue fazer o marido parar de
beber... Mas ela é poderosa. Só que ninguém tem 100% de aproveitamento. Até
Pelé perdeu gol feito... Comigo a coisa ainda não funcionou.
-- E você vai dormir onde? – perguntou-lhe Zeca,
após mais um gole.
-- Na casa de uma coligada, viuvinha da hora. Boa de
cama e de copo. Tchau.
-- Vai com Deus.
-- Fica com ele. Precisando pode procurar minha
mulher. Ela atende até às 23h. Aceita todos os tíquetes (refeição, alimentação) e
cartões de crédito. Só não faz fiado. Nem aceita cheque. Fui.
(fevereiro de
2013)
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