Foto: arquivo Google |
DESALENTO
ABRE BRECHA PARA CANDIDATO
DESCONHECIDO
NA SUCESSÃO DE 2018
O
governo moralmente sustentável a que o brasileiro
tem
direito não nascerá da passividade
Por
Josias de Souza
Jornal
da Gazeta – 31/012018
Se
a mais recente pesquisa do Datafolha serviu para alguma coisa foi para
demonstrar que a eleição presidencial de 2018 tornou-se uma espécie de
latifúndio improdutivo à espera de ideias que o ocupem. As duas vagas no
segundo turno da sucessão são, a essa altura, terrenos baldios, sem donos.
Lula, ainda favorito, está inelegível. Bolsonaro, a direita autoritária que se
oferece como contraponto da esquerda presidiária, parou de crescer. Tudo pode
acontecer. Inclusive nada.
A
Lava Jato revelou o grande amor da oligarquia política e empresarial brasileira
pelo desastre. O Datafolha informa que esse amor dos oligarcas pela catástrofe
foi plenamente correspondido. Com a política indo a pique, surge uma demanda
por novidade. Isso pode resultar em coisa boa. Mas também pode desaguar em
aventura e frustração.
Parte
do eleitorado parece procurar o candidato desconhecido, capaz de saciar a fome
de decência e de rumos que está no ar. No principal cenário sem Lula, os
eleitores que informam não ter candidato — votarão em branco, anularão o voto
ou estão indecisos — somam impressionantes 36%. É uma taxa de desalento sem
precedentes. Para essas pessoas, o Brasil virou um conto do vigário no qual
todos caíram. É um entendimento cômodo. Evita que o eleitor enxergue um culpado
no espelho. Mas isso não resolve o problema. O governo moralmente sustentável a
que o brasileiro tem direito não nascerá da passividade.
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