quarta-feira, 9 de novembro de 2016

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO NOBLAT



Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos (Foto: Reuters)
TRUMP (FOTO: REUTERS)


TRUMP, O TRIUNFO DA FORÇA DE VONTADE

POR RICARDO NOBLAT
09/11/2016 - 07h32


Que presidente dos Estados Unidos será Donald Trump depois da vitória que deixou o mundo em estado de choque e que ainda levará muito tempo para ser assimilada?

O Trump da campanha foi o que conhecemos: um hábil manipulador de emoções, capaz de mentir sem franzir o cenho, de mexer com os instintos mais primitivos dos eleitores, e de prometer o irrealizável.

O Trump que se apresentou há pouco para agradecer aos que o elegeram foi diferente do que venceu: elogiou a adversária, falou em cicatrizar feridas e disse que governará para todos os americanos.

Entre o candidato que espumava raiva e descontrole e o presidente eleito conciliador e sóbrio, poderá estar o Trump que presidirá os Estados Unidos pelos próximos quatro anos.

É de se desejar que esteja, embora ninguém possa garantir que assim será. Seu discurso de vitória foi uma bobagem. Não conteve uma única frase marcante. Muito menos uma ideia original.

Fora platitudes, deixou a impressão de que o próprio Trump parecia surpreendido com o resultado da eleição. Tão surpreendido como o mundo, os institutos de pesquisas e a mídia americana.

A vitória de Trump é só dele e dos que acreditaram em sua palavra. Trump derrotou o “establishment”, a “intelligence”, o mundo pop e quem mais preferiu se alinhar com Hillary Clinton.

Se faltou entusiasmo entre os que o assistiram discursar foi porque ali não estava uma amostra da grande maioria silenciosa responsável por sua eleição. Essa maioria dorme cedo e acorda cedo.

O triunfo de Trump devolve o poder nos Estados Unidos a um populista. Populistas à esquerda ou à direita foram os presidentes Theodore Roosevelt e Franklin Roosevelt, por exemplo.

Sem falar de candidatos a presidente que não venceram, mas que com o seu populismo influenciaram fortemente os destinos do país. O confronto entre povo e elite jamais desapareceu em parte alguma.

Nas recentes eleições municipais por aqui, não foram poucos os candidatos como Trump que vestiram a fantasia do não político para investir contra aqueles identificados com a política tradicional.

O mundo passou a girar mais velozmente à direita, e Trump é apenas mais um resultado desse movimento. O maior resultado até aqui.

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