quarta-feira, 25 de março de 2015

COISAS DA VIDA

O COENTRO



(POR VIOLANTE PIMENTEL) Bento era fiscal da prefeitura de Nova-Cruz, casado com Mariana, com quem tinha três filhos ainda pequenos.  Era boêmio, gostava de cantar e tocar pandeiro. Não abria mão das farras nos finais de semana. Isso era motivo para brigas com a esposa, que era mandona e dominadora.

Muito calmo, Bento aparentava  ser submisso às ordens da mulher, mas sempre fazia o que bem queria.  Mariana tentava fazer o possível e o impossível para afastar o marido da bebida e das farras.  A mulher não suportava quando o via chegar em casa embriagado.. As brigas eram constantes e as ameaças de separação aumentaram da parte dela.

Por causa disso, Bento procurou evitar as farras e o clima dentro de casa melhorou.  Num sábado pela manhã, a mulher estava debulhando feijão verde para o almoço e pediu ao marido que fosse ao mercado público comprar coentro para o tempero. Bento saiu para o mercado e, ao passar pela casa do amigo Gilberto, parou para um dedo de prosa com ele e  pai que acabara de chegar de Natal, para passar o fim de semana.

Violante Pimentel é procuradora aposentada
 do Estado do Rio Grande do Norte
Bento foi comprar o coentro, mas na volta, ao passar novamente pela casa do amigo, não se controlou, vendo os preparativos da farra que iria haver. No alpendre da casa já estava formada a animada roda, com violão, cavaquinho, bandolim, afoxê e tantã. Bento pegou o pandeiro, e logo a animação começou.  Vários cantores e músicos amadores, e a festa estava feita. Logo começaram as rodadas de cerveja, os tira-gostos, e o tempo passou rapidamente.. A farra estava animada, e Bento, uma vez por outra, se lembrava de que a mulher estava aguardando o coentro para temperar o feijão verde.

Depois de algum tempo, Bento só pensava em cantar, tocar e beber com os amigos. As horas passaram rapidamente, e ele só foi chegar em casa às 21 h, completamente embriagado. A mulher, braba que só uma cobra, partiu pra ele com um sapato na mão, disposta a bater na sua cara.  Antes que o atingisse, Bento gritou:

 - Tenha calma, jararaca!!! O que você me pediu pra comprar está aqui, olhe! Tome!

E, com muita dificuldade, tirou do bolso da calça o molho de coentro, completamente seco e amarrotado!... A mulher armou o circo, e deu um verdadeiro escândalo com o marido,  esfregando –lhe na cara o molho de coentro!        



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