terça-feira, 3 de março de 2015

CLÓVIS CAMPÊLO

MORRER DEVE SER TÃO FRIO

Fotografia de Clóvis Campêlo/2004


Morrer deve ser tão frio,
solidão no cais do porto,
como as águas de um rio
desaguando num mar morto.

Fechando o início de um cio,
findando um trajeto torto,
alívio, talvez, desconfio,
depois, talvez, desconforto.

Talvez, quem sabe, um fio
cortando uma vida, aborto;
talvez, quem sabe, um envio,

o exílio de um rei deposto.
Morrer deve ser tão frio,
solidão no cais do porto.

Clóvis Campêlo
Recife, 1994




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