Ilustração: Depositphotos |
- Chega de mentiras, Alceu. Basta! Não suporto mais essa vida
miserável que levamos. Afinal, por que você se casou comigo?
-- Por interesse, Matilde, é que não foi. Muito pelo contrário.
-- Como assim? Não estou entendendo.
-- Quer saber?
-- Quero.
-- Melhor deixar pra lá, Matilde.
-- Não vou deixar pra lá coisa nenhuma. Quero saber, diga de uma
vez.
-- Matilde: você sempre foi a mais feia das meninas, a mais pobre, a
mais obtusa...
Matilde esboçou um sorriso de satisfação e arriscou suas fichas num
palpite furado:
-- Então, você se casou comigo por amor, não foi?
Alceu respirou fundo, resolveu mentir (amou Matilde, sim) e colocar ponto
final na história arrastada, pois de uns tempos pra cá só tinha cabeça, coração
e membros para Verinha, a cunhada mais nova, dona de bunda e peitos fartos.
-- Não, Matilde. Casei por pena, pena de você.
-- Cretino. Só agora, Alceu, depois de vinte anos e três filhos,
você me diz isso, uma barbaridade dessas?
-- Você nunca me perguntou antes, Matilde. Não tenho culpa.
(Orlando Silveira –
ATUALIZADO EM NOVEMBRO DE 2018)
LEIA TAMBÉM
E O AMOR SAIU PELA JANELA: CENA V
"Puta que o pariu, Paulo. Que absurdo! Você teve coragem de pagar tudo isso? Não há dinheiro que chegue. Quando for assim, não compre." Por Orlando Silveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário