Ilustração: Arquivo Google |
APARÊNCIAS
- Você já está bêbado. E ainda não são
dez horas da manhã, francamente.
- Como você percebeu?
- Ora, quem não o conhece que lhe
compre. É sempre o mesmo filme: começa com suas gracinhas, depois descamba para os impropérios. Afinal, o que você bebeu?
- Cerveja.
- E o que mais? Não minta.
- Cachaça. Cinco cachaças.
- Pelo amor de Deus. Que vergonha. Se
ainda bebesse uísque...
- Qual a diferença?
- Ora, quem bebe cachaça é cachaceiro,
pinguço, borracho.
- E quem toma uísque?
- Adicto. É mais chique, entende?
TRISTE SINA
É quase sempre assim (ou quase sempre
assim): uns e outros me perguntam coisas que não sei responder. Em especial nos
botecos de bairro, nas conversas de balcão de padaria. Redutos culturais da cidade, como se sabe.
Não é de hoje que me perguntam coisas
que ignoro; não é de hoje que não tenho respostas, também.
Houve um tempo em que tentava
justificar minha ignorância.
Bobagem. Hoje, dou de ombros. O melhor
é fazer cara de paisagem, cara de conteúdo.
Em sendo ela, a ignorância, o único
bem fartamente distribuído (que atire pedras o ignorante atrevido!), a
tendência é que os outros considerem sua ignorância superior.
O único risco é que o tomem por gênio.
POR ORLANDO SILVEIRA
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