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AFINAL, ONDE ESTÃO OS CRIADOS?
Digam o quiserem, mas
é inegável: os tempos melhoraram muito. Ao menos no que se refere àquele
período que antecede o casamento. Hoje, qualquer um vai à loja indicada pelos
noivos, compra o que pode, escolhe uma mensagem já feita, paga e vai embora pra
casa esperar o dia de ralar o bucho na festa dos nubentes.
Mas nem sempre foi
essa moleza. Sou de um tempo em que, um mês antes de casório, noivo e noiva – e
suas respectivas mães, evidentemente, porque aonde uma sogra vai a outra vai
atrás – eram obrigados a esperar os convidados, para receber presentes e lhes
mostrar o ninho dos pombinhos. Em geral, o expediente era de segunda a segunda.
Nos finais de semana, a jornada era dupla. Caceteação sem fim. Peguei nojo de vermute e amendoim, que eram o que dava pra servir.
Muitos presentes nos
deixavam – convidados e noivos – absolutamente constrangidos. Afinal, não se
tem notícia de casal que precise de treze ferros de passar roupa, onze jogos de
café, sete batedeiras de bolo, onze liquidificadores, meia dúzia de vassouras
mágicas e tralhas afins. E ficava tudo ali: em cima da cama do casal. Pra todo
mundo ver. E especular: “Quem deu isso, quem deu aquilo?”
Mas há convidados
criativos. São os piores. Sabiá e eu ganhamos um treco cujo nome até hoje
ignoro. Era uma roda de latão apoiada num suporte. Um porrete com a ponta
envolta em feltro acompanhava a engenhoca. Um gongo. Foi um susto. Afinal, que
serventia tinha aquilo? “É para chamar os criados”, esclareceu o parente
distante, metido a chique.
Usamos muitas vezes o
porrete para chamar os criados. Que jamais nos obedeceram. Nunca tivemos
dinheiro para contratá-los.
(Orlando Silveira - Atualizado em novembro de 2018)
(Orlando Silveira - Atualizado em novembro de 2018)
Bem, já que o assunto é casamento e caso tenham interesse em saber
como se "sofria" naquela época, leiam os dois textos abaixo:
PRETINHO BÁSICO
SÓ OS VALENTES SE CASAM
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