segunda-feira, 19 de novembro de 2018

QUASE HISTÓRIAS: DESLIZES

Foto: Arquivo Google

-- Caramba! Assim não dá. Sei que errei muito, que ainda cometo equívocos, que não sou – nunca fui – santo. Mas você só enxerga meus defeitos. Será que eu não acerto nunca?

-- Acerta. Claro que você acerta.

-- Então, por que você não me elogia quando faço as coisas direito?

-- É que seus acertos não são acertos, são deslizes.


ORGULHO BESTA

-- Zuza é um velhote metido a macho. Dia desses, torrou a paciência de todo mundo que estava aqui, com uma conversa tola. Estava meio tocado. Repetiu umas cem vezes, no mínimo, que nunca brochou.

-- Deve ser verdade. Pode ser verdade, sim.

-- Duvido. Quem nunca falhou na vida, pelo menos uma vez ou duas?

-- A mulher dele me disse, com cara de muitos amigos, sem que eu nada lhe perguntasse, que Zuza deixou de procurá-la quando completou 40 anos de idade...

-- Cara de muitos amigos? Por que ele parou tão cedo?

-- Para não correr o risco, segundo ela, de fracassar, entendeu?

-- Cacilda! Ele tem mais de sessenta. Vinte anos sem... E a mulher, como fica?

-- Sei lá. Pergunte para ela, viúva de marido vivo. Aí, você entenderá porque ela tem cara de muitos amigos.



(Orlando Silveira - atualizado em novembro de 2018)

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