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- Vou até a padaria comprar cigarros. Você precisa de alguma coisa?
- Preciso. Mas não adianta pedir pra você. Nunca traz a marca que eu
peço, parece que faz de propósito, só para me irritar.
- Quando fiz isso, Marilda?
- Anteontem, Paulo. As bolachas que você trouxe eram lixo. Nem o
cachorro quis.
- Mas, no dia seguinte, não tinha uma para contar história. Quem
comeu os dois pacotes? Só trago de outra marca quando não tem a que você me
pediu, ora!
- Então, não traga. Entendeu? Não traga nada.
- Está certo. Diga logo o que você quer agora?
- Anota aí, pra não fazer confusão. Não demore, não. Está quase na
hora do café. Já estou com fome.
Duas horas depois, Paulo estava de volta com as encomendas de
Marilda.
- Que demora! Aposto que ficou bebendo na padaria.
- Nada disso. Tive que ir a três mercados. No da esquina, não tinha
a bolacha nem o requeijão das marcas que você me pediu. Na venda do Norberto,
tinha as bolachas, mas não tinha o requeijão. Fui ao Mambo.
- Lá é tudo mais caro, me deixe ver a nota fiscal.
-- Está aqui.
- Puta que o pariu. Que absurdo! Você teve coragem de pagar tudo
isso? Não há dinheiro que chegue. Quando for assim, não compre.
- E sua fome?
- Passou. Paulo: ando com o saco tão cheio de você!
(ORLANDO SILVEIRA - ATUALIZADO EM AGOSTO DE
2018)
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"Otávio: essa melancolia vai acabar com você. Você precisa de tratamento. Depressão é coisa séria. Também acho que você anda bebendo demais. Isso atrapalha um bocado... " Por Orlando Silveira
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