Ilustração: Arquivo Google
SILÊNCIOS
Há
um silêncio de antes de abrir-se um telegrama urgente
Há
um silêncio de um primeiro olhar de desejo
Há
um silêncio trêmulo de teias ao apanhar uma mosca
...
e o silêncio de uma lápide que ninguém lê.
O MILAGRE
Dias
maravilhosos em que os jornais vêm cheios de poesia...
E do
lábio do amigo brotam palavras de eterno encanto...
Dias
mágicos
Em
que os burgueses espiam,
Através
das vidraças dos escritórios,
A
graça gratuita das nuvens.
DO ETERNO MISTÉRIO
“Um
outro mundo existe... uma outra vida...”
Mas
de que serve ires para lá?
Bem
como aqui, tu’alma atônita e perdida
Nada
compreenderá...
***
Mário Quintana (1906, Alegrete, RS) -1994, Porto Alegre, RS) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado um dos maiores poetas do século XX. Mestre da palavra, do humor e da síntese poética, em 1980 recebeu o Prêmio Machado de Assis da ABL e em 1981 foi agraciado com o Prêmio Jabuti.
Mário Quintana não se casou nem teve filhos. Viveu de 1968 até 1980 no Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre. Desempregado, sem dinheiro foi despejado e alojado no Hotel Royal, no quarto de propriedade do ex-jogador Paulo Roberto Falcão. A poesia, embora considerada por ele "um vício triste”, foi sua maior companheira.
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