Ilustração: IStock |
E a doutora, médica renomada, com
vários cursos de especialização nisso e naquilo, mulher de poucas palavras, foi
direto ao ponto:
-- O senhor já tem certa idade, está
longe de ser um garotão. Bebe, fuma, come torresmos, pastel e carne vermelha
todos os dias. Há anos. Odeia verduras e legumes. Não suporta frutas. Pratica,
ao menos, algum esporte?
-- Pratico, sim, doutora.
-- Qual esporte?
-- Só um. Bem radical.
-- Qual?
-- Sexo.
-- Sexo? Desde quando sexo é esporte
radical? – inquiriu a doutora de muitos títulos.
-- Aposto que a doutora tem idade
para ser minha neta. Na sua idade, tudo é fácil. Sexo é puro prazer. Na minha,
é aventura, desafio, sustos, passeio no trem fantasma. Haja adrenalina.
JEJUM
Segunda-feira. O telefone toca, o
coitado atende. Uma, duas, três, vinte vezes. Com a educação possível. É a
velha que não escuta querendo saber quanto custa para lavar o edredom. (Perdão,
senhora: aqui não é lavanderia.) É o gerente querendo convencê-lo de que os
juros cobrados pelo banco são excelentes. (Obrigado, amigo, não quero
empréstimo.) É a moça do consórcio querendo lhe empurrar um carro, é a senhora
da creche pedindo ajuda, é, é... É o mundo lhe torrando o saco.
Lá pelas tantas, não perguntou quem
era, bateu pesado:
- Vá pra puta que o pariu.
Era a mulher. Na TPM.
Vai jejuar um mês.
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