quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

QUASE HISTÓRIAS


HONRA AO MÉRITO

O que ele mais ganhou na vida foram elogios da boca pra fora e tapinhas nas costas. De origem humilde, Jovelino aprendeu a fazer de um limão várias limonadas. Jamais se intimidou ante os obstáculos. Ao contrário. Redobrava os esforços, a fim de superá-los para seguir adiante. Formou-se na faculdade de Direito, depois fez pós-graduação e diversos cursos de especialização, aprendeu – por conta própria e risco – Inglês e Francês.

Jovelino trabalhava feito mouro, não rejeitava serviço, sempre com um sorriso nos lábios. Procurava fazer o melhor possível. Às vezes, ele ficava triste, quando não era aquinhoado com as melhores promoções. Paciência. Um dia seria reconhecido. Hora de trabalhar dobrado, para se fazer notar. Afinal, era elogiado pelos patrões. Um deles chegou a lhe dizer: “Foi Deus quem o colocou no caminho de nossa empresa”. Entre os colegas de trabalho, no entanto, não era muito benquisto: “Você trabalha demais, cria problemas para a gente”.

Jovelino nunca teve boca para reivindicar qualquer coisa, menos ainda para puxar o saco dos superiores. Trabalhava, trabalhava. Ficava anos e anos na mesma empresa, na esperança de que um dia – como não? – seria, enfim, valorizado. O tempo passou, a aposentadoria bateu à sua porta. Hora de mostrar aos netos – “meus crioulinhos”, como ele costuma dizer cheio de orgulho – a placa que recebeu da firma em que trabalhou os últimos quinze anos antes de se aposentar: “A Vieira & Associados agradece seu empenho”. (OS - janeiro de 2016))



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