sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


Estórias e histórias da MPB - Parte 04




O artista que quero trazer hoje para vocês é uma das figuras mais emblemáticas da nossa música e polêmico na mesma proporção. Um dos maiores (literalmente) cantores da MPB, ele fez história dentro do nosso cancioneiro e colecionou sucessos na mesma proporção em que somou desafetos, processos e problemas com contratantes dos seus shows. Todas essas pistas já são suficientes para muitos de vocês já matarem a charada e saber que estou falando daquele a quem Jorge Ben (Jor) refere-se como síndico. Trata-se do nosso Sebastião Rodrigues Maia, ou simplesmente Tim Maia, filho de Altivo Maia e Maria Imaculada Maia e caçula de 12 irmãos. É necessário salientar que Tim desde criança sempre teve um comportamento glutão. Seu pai, exímio cozinheiro, em dado momento para poder sustentar a família, começou a negociar marmitas na zona norte do Rio de Janeiro.


No bairro da Tijuca onde residiam, o pequeno Sebastião foi imbuído de ajudar o pai na entrega das marmitas, porém Tião “marmiteiro” (como indigestamente era chamado pelos amigos do bairro e respondia com um sonoro “É a puta que te   pariu!”) certa vez teve uma ideia que o beneficiaria em duas situações: na primeira, por saber que seu pai era bastante generoso na quantidade de comida nas marmitas em que produzia, resolveu comer u m pedaço de frango de uma, um croquete de outra, um bife acolá, batatas fritas entre outros componentes que faziam do “delivery” do seu pai um dos mais conceituados da região. Já a segunda vantagem era referente ao peso das quentinhas. Na medida em que consumia as comidas o peso das mesmas aliviavam as suas entregas.

Sua carreira musical começou por volta dos 14 anos, quando o ex-marmiteiro formou o seu primeiro grupo musical: os tijucanos do ritmo, por volta de 1956. Até 1971, quando gravou o seu primeiro, muita água rolou…

Vizinho de Erasmo Carlos, teve a oportunidade de junto com o tremendão crescer descobrindo gêneros e cantores que marcariam em definitivo as suas respectivas vidas e seriam determinantes em suas carreiras. Formou o grupo os “Sputniks” (banda esta que contou com a rápida passagem do cantor e compositor Roberto Carlos). Roberto saiu do grupo após ser chamado por Tim de filho da puta e de ter escutado do rei da soul music nacional que não cantava nada. Foi aos Estados Unidos com a cara e a coragem e nos momentos de maior privação usava um sobretudo para roubar frangos entre outros alimentos, por conta desse tipo de infração chegou a ser preso e deportado com a ressalva de que nunca mais deveria colocar os pés naquele país.

Ao voltar, por volta de 1965, viu aquele que anos antes ele havia dito que não cantava nada como o maior cantor do país e foi em busca de uma oportunidade com o ex-integrante de seu grupo, batendo com a cara na porta por diversas oportunidades e chegando a passar frio fome na terra da garoa, Roberto posteriormente o ajudaria gravando “Não vou ficar”. Gravou compactos com pouca relevância, produziu Eduardo Araújo no LP “Na onda do boogaloo”, onde praticamente todas as canções e versões existentes no disco levavam a sua assinatura e gravou um dueto fantástico com Elis Regina para o disco da artista lançado em 1970 intitulado “Elis Regina – Em pleno verão”. A canção “These Are Songs” era uma composição do próprio Tim e vocês, amigos do Blog do Lando, ouvirão logo em seguida.



Existem outras estórias e histórias do saudoso Tim que merecem relevância e que espero em outras oportunidades trazer aos amigos aqui do espaço. São histórias de como surgiram algumas de suas composições e outras bastante cômicas acerca de sua carreira.

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