Mulher e marido ganhavam bem, muito bem. Mas era notório que se amavam
pouco, muito pouco. Preferiam gastar o tempo consumindo tudo o que estivesse na
moda e se exibindo ante seus convidados pobretões. A falsa modéstia fazia parte
do script. Não suportavam ficar a sós.
Os convidados se fingiam de mortos. Boa bebida e boa comida, de graça, amolecem
corações, embotam cérebros. Mas não impedem que os “ingratos” falem mal pelas
costas horas depois.
Ela afetava uma pobreza inexistente, pra ressaltar a pobreza alheia.
Ele jurava admirar a preferência dos visitantes por carros populares. E
garantia que, um dia, compraria um carrinho básico e usado. Pra ir à feira.
legale
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