UM CAMPEÃO CENTENÁRIO
Assim como eu, o Santa
Cruz nasceu no bairro da Boa Vista, no centro do Recife. O ano? 1914, quando a
cidade ainda era um arremedo do que é hoje.
Não nasceu no seio da
burguesia pernambucana ou da aristocracia açucareira e mercantil que mandava os
filhos da pátria mãe gentil estudar na Europa e adquirir hábitos bizarros e
diferenciados. Foi assim, na bagagem dos que regressavam, que o futebol chegou
por estas plagas. Foi assim que ele aportou na cidade maurícia e terminou por
seduzir os meninos da classe média que antes só se atreviam o olhá-lo de longe.
Para eles, a bola ainda era um mundo a ser conquistado.
Pois bem, assim o foi.
Onze desse meninos filhos da classe média, premeditando o sucesso, fundaram o
Santinha na noite do dia 3 de fevereiro daquele ano longínquo.
De lá para cá, muita
água rolou nesses cem anos que se completam na próxima segunda feira, dia 3 de
fevereiro de 2014. Período de glórias e êxtases e períodos de insucessos
comprometedores nem sempre explicáveis.
Do Pátio da Santa Cruz
ao Arruda, o Santinha perambulou por vários locais e bairros, construindo parte
da sua história. Mas foi no Arruda, a partir dos anos 40, onde se firmou e
afirmou. De início, o terreno pertencente ao comendador Arthur Lundgreen foi
alugado. Depois, comprado com a ajuda do prefeito José do Rego Maciel, que
posteriormente teve o estádio inaugurado no início dos anos 70, mais
precisamente em 1972, batizado com o seu nome.
A construção do
estádio foi importantíssima para a nossa consolidação enquanto clube de futebol
e na conquista dos títulos mais significativos. Em 1969, com ele ainda em
construção, quebramos a sequência do hexa timbu e desbancamos o time da Ilha do
Retiro, dando início a uma sequência vitoriosa que nos levaria ao
pentacampeonato estadual.
Os anos 70, aliás,
foram por demais significativos. Montamos grandes equipes e conquistamos
grandes vitórias contra equipes campeãs nacionalmente. Elevamos o nome do Santa
Cruz no cenário futebolístico nacional, tornado-o respeitável e digno de
menção. Não foi a toa que encerramos a década com uma grande excursão pelo
Oriente Médio e Europa, retornando dela invicto e ganhando da Confederação Brasileira
de Futebol o título de Fita Azul do Futebol Brasileiro, em reconhecimento a
essa bela campanha.
Hoje, depois de uma
fase em queda no futebol brasileiro, onde chegamos a alcançar os mais baixos
patamares, como uma fênix estamos renascendo e ascendendo novamente, caminhando
para retornar ao lugar de destaque que sempre merecemos no futebol brasileiro.
A força da nossa
torcida, presente na vida do clube mesmo nos piores momentos por nós vividos,
serviu para mostrar ao mundo inteiro por que somos considerados o clube Mais
Querido do futebol pernambucano.
Isso tudo deve ser
lembrado com orgulho na próxima segunda-feira, dia 3 de fevereiro de 2014,
quando estaremos comemorando o nosso centenário.
Recife, 2014
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