Toni Costa - Entrevista Exclusiva
Nas décadas de 80 e 90 atuou de forma consistente em trilhas de seriados, programas de televisão e estúdios de todo o país. Gravou e acompanhou em turnês diversos nomes da música popular brasileira e foi parceiro de alguns deles como vocês podem observar de modo mais minucioso o pequeno retrospecto biográfico e artístico que fizemos a seu respeito recentemente aqui em nosso espaço cujo título é "TONI COSTA APRESENTA AS CORES DE SUA TEXTURA SONORA", abordando inclusive acerca de sua discografia solo, que conta hoje com quatro títulos distintos: "Gente da rua", "A sorte muda", "Músicas para o violão brasileiro" e o atual "Textura colorida" e a participação de grandes nomes da MPB como o da saudosa Cássia Eller e Luiz Melodia.
Solicito, Toni prontamente atendeu ao nosso desejo de entrevistá-lo. Agora os leitores do Musicaria Brasil poderão conhecer um pouco mais sobre a biografia e a carreira deste músico que destaca-se pelo talento e pela perfeita alquimia sonora que apresenta. Nesta informal conversa Toni Costa fala um pouco sobre sua passagem pela Berklee College of Music e as suas experiências musicais longe do Brasil, a perseverança do músico instrumentista em nosso país, seu método na hora de compor dentre outras coisas como vocês poderão conferir abaixo. Boa leitura!
Em sua família havia alguém que o inspirou para seguir carreira artística? Como se deu o seu primeiro contato com a música (mais precisamente com o instrumento com qual você hoje toca)?
TC - Infelizmente na minha casa e na minha família não tinha ninguém envolvido com música , comecei a procurar professores de violão desde os 15 anos naquela época adolescência. Estudei com Prof. Leo Soares na Pró-arte do Rio.
A música brasileira sempre foi muito respeitada no exterior, particularmente após a difusão da bossa-nova. Em sua passagem pela Berklee College of Music era possível observar isso?
TC - Claramente, o que esses músicos fizeram para por o Brasil no circuito do jazz foi espetacular, Jobim, Gilbert, Bonfá, Luis Eça, fazem parte de qualquer Real Book (coletânea de clássicos), eu sentia maior orgulho quando pintava uma composição desses caras pra gente estudar.
E a sua experiência nos EUA integrando algumas bandas trouxe-lhe algum “Know-how” relevante para a sua vida enquanto músico no Brasil?
TC - Definitivamente minhas experiências com bandas de salsa em Boston, marcaram meu estilo, meu swing. Fora a enxurrada de conhecimento da linguagem jazz na escola e nas gigs.
Trabalhar com música instrumental no Brasil requer mais perseverança que outros segmentos musicais? Pergunto isso porque, apesar de abundantes talentos existentes em nossa música que se observa é a notória falta de espaço para esse segmento.
TC - Sem dúvida , sempre foi uma aventura fazer instrumental aqui onde moro , no Rio. Houve até uma época que teve um boom com bons festivais e o público prestigiando mas agora mesmo no lançamento desse meu CD novo não consegui pauta em nenhum orgão de imprensa convencional.
Nesses mais de 30 anos de carreira você já esteve em diversos palcos tanto de maneira solo quanto acompanhando grandes nomes de nossa música, além de atuar também como produtor e arranjador de programas de TV e trilhas sonoras para o cinema. Você destacaria algum fato que de tamanha relevância fez você ter plena convicção que a sua escolha profissional não poderia ser outra?
TC - Desde os primeiros acordes tinha convicção que minha vida e música eram uma coisa só . Tenho muito orgulho de nesses mais de 30 anos ter trocado experiências musicais e de vida com grande artistas e músicos.
Há pouco mais de 10 anos você foi uma das pessoas que implantou (ao lado maestro Luizão Paiva) a escola de música Adalgisa Paiva, na Universidade Federal do Piauí. Parece que o panorama nas escolas vem mudando ao longo dessa década que se passou desde essa sua experiência no Nordeste. Você acredita que a implementação da música nos currículos escolares é capaz de dar uma nova cara a atual conjuntura social em nosso país? Por quê?
TC - Puxa vida seria fantástico termos prática de música em todas as escolas no Brasil. Imagina quanta gente apareceria tocando, compondo, arranjando, somos um povo musical e isso daria um grande impulso.
Com exceção dos álbuns “Sorte muda” e “Músicas para o violão brasileiro” os seus demais discos foram lançados com um intervalo de tempo significativo. Há algum motivo específico para intervalos tão longos?
TC - Não há motivo, foi o tempo que levou cada projeto, com vários outros projetos rolando no meio.
“Textura Colorida” é um álbum cuja tessitura mostra-se bastante contemporânea e é composto por canções essencialmente autorais. Essa atemporalidade de suas composições é uma característica que você procura considerar na hora de compor?
TC - Não penso nisso na hora que componho, só deixo fluir a ideia, seja de que estilo for , seja de que instrumento for e vou trabalhando, burilando a composição. Cada música tem sua importância seja de que estilo for.
Em sua condição como instrumentista na hora da composição é mais fácil entregar ao letrista uma melodia já pronta ou elaborar a melodia em cima da letra? Como se dá o seu processo de composição em parcerias?
TC - Faço das duas maneiras mas é mais comum eu entregar ao parceiro uma melodia com uma harmonia e um suingue bem definido. Mas já fiz várias músicas para letras mandadas pelos parceiros . As vezes mando até um refrão já com letra.
Você já tem uma agenda solo bastante agitada, com incursões não só no Brasil quanto no exterior, agora com o lançamento desse seu mais recente trabalho a demanda de shows deve aumentar significadamente. Como será conciliar a sua agenda solo e a do Trio Moinho?
TC - Dá pra levar por que eu gosto de tudo, esse é o segredo.
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