Há pessoas – e toda família tem um traste desses pra
chamar de seu – que passam as derradeiras décadas da vida torrando a paciência
de filhos, netos e agregados, com a mesma conversa fiada: “Quando morrer, eu
quero ser enterrado ao lado de meu bisavô paterno, na mesma campa, com a farda
que ele usou na guerra”.
Perda total de tempo dizer ao nono que:
1 – ele não conheceu o bisavô paterno e que,
portanto, a afinidade entre eles nunca existiu;
2 – o túmulo pertence a um parente distante, que há
milhões de anos (estaria ainda vivo, o infeliz?) rompeu relações com a família,
por conta do túmulo da família;
3 – seu bisavô paterno foi enterrado longe, muito
longe dali, a quilômetros de distância;
4 – o bisavô nunca foi militar e, logo, é mais que provável
que jamais tenha tido farda.
Certos futuros defuntos são invencíveis. Não
desistem jamais. Até porque sabem que não vão pagar nada pela última viagem. Só
pode ser isso.
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