quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CADÊ O POSTER?


No bar da Arminda, o pau ameaçou comer solto. Boca Dura encarou Chico Vaselina. E rasgou o verbo, daquele jeito que só ele e mais uns poucos conseguem rasgar:

-- Vaselina, você é um baita mentiroso.

-- Mentiroso por quê? – quis saber o acusado, com seus modos maneiros. 

-- Porque você fica com essa conversa fiada de que sua sogra era isso, sua sogra era aquilo outro, que mulher como ela é raro encontrar e não sei o quê mais. Ninguém, meu caro, ama a sogra, muito menos do jeito que você diz que ama. Ninguém!

-- Amava, amava! Mas, ela morreu – impacientou-se, coisa rara, Chico Vaselina.

-- Que ela morreu, eu sei, todo mundo sabe. O que eu não sei e ninguém sabe é por que você ainda não colocou uma foto dela na sala de sua casa. Cadê o pôster, mano? Que amor é esse? .

A conversa não degringolou de vez, porque dona Arminda interveio, com a autoridade de sempre. Meia hora depois, a conversa já era outra. A disputa era para saber quem conhecia melhor a filha do meio do açougueiro. Chico Vaselina sustentava a tese de que jamais soube o açougueiro tinha uma filha do meio. (abril de 2013)


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