No bar da Arminda, o pau ameaçou comer solto. Boca Dura
encarou Chico Vaselina. E rasgou o verbo, daquele jeito que só ele e mais uns
poucos conseguem rasgar:
-- Vaselina, você é um baita mentiroso.
-- Mentiroso por quê? – quis saber o acusado, com
seus modos maneiros.
-- Porque você fica com essa conversa fiada de que
sua sogra era isso, sua sogra era aquilo outro, que mulher como ela é raro
encontrar e não sei o quê mais. Ninguém, meu caro, ama a sogra, muito menos do
jeito que você diz que ama. Ninguém!
-- Amava, amava! Mas, ela morreu – impacientou-se,
coisa rara, Chico Vaselina.
-- Que ela morreu, eu sei, todo mundo sabe. O que eu
não sei e ninguém sabe é por que você ainda não colocou uma foto dela na sala
de sua casa. Cadê o pôster, mano? Que amor é esse? .
A conversa não degringolou de vez, porque dona
Arminda interveio, com a autoridade de sempre. Meia hora depois, a conversa já
era outra. A disputa era para saber quem conhecia melhor a filha do meio do
açougueiro. Chico Vaselina sustentava a tese de que jamais soube o açougueiro
tinha uma filha do meio. (abril de 2013)
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