Depois de certa idade, “bisa” Nilza se tornou irredutível: ia à praia,
mas jamais colocava maiô. E explicava: “Não vou mostrar minhas carnes para
ninguém”. Cá entre nós – e com
Foto: johninbrazil.org |
Por que isso? Porque o calor chegou, o verão se aproxima, é tempo de
usar menos panos. Os decotes ficam mais generosos; as saias, mais curtas. Os
biquínis, cada vez menores, continuam mostrando tudo, menos o fundamental, como
diria Roberto Campos.
A desgraça é que, salvo engano, o verão instala na alma nas mulheres
um dilema medonho: mostro ou não mostro minhas “carnes”? A bambina vai às ruas
com vestidinho pra lá de curto e decotado. Sabe que vai chamar a atenção. E é
isso mesmo que ela quer: chamar a atenção pra aquele corpão violão. Nem sempre
é assim, mas deixa para lá. As maduras dizem que não, mas seguem a regra. Basta
observar. Quem não gosta de se exibir?
Ocorre que, ante o primeiro olhar guloso, a bambina se retrai. (As
mais velhas rezam um Pai Nosso, fingido que só.) Cruza os braços para esconder
o decote, puxa o vestido para baixo a fim de ocultar o par de coxas, como se
isso fosse possível. Cobre as pernas, exibe os peitos. O cobertor é curto.
Quando senta, para tomar um chope ou suco, comprime os joelhos com tal
disposição que, frequentemente, no fim da temporada, é obrigada a buscar os
préstimos de ortopedistas.
Então, fiquemos assim: ou bem usam burca, ou deem aos velhos a única
alegria que lhes resta: olhar e babar. (2012)
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