ARQUIVO GOOGLE |
A RIFA
Erinaldo
estava desempregado havia tanto tempo que tinha se esquecido de quando deixara
o último trabalho. Na fila, enquanto esperava o ônibus, para mais uma
segunda-feira de tentativa de arrumar emprego, viu uma mulher vendendo rifa
para a colega. De repente, a idéia iluminou-lhe a mente. "É isto mesmo. Já
sei como faturar algum dinheiro."
Chegando
em casa, contou a novidade para a mulher. Idalícia não gostou nenhum pouco.
Imagine rifar o aparelho de som para conseguir algum dinheiro. Ela tentou
dissuadir o marido da bobagem. Disse a ele que o trabalho dela como diarista
três dias por semana dava para os três comer. O pequeno Richard Johnson, de
sete anos, também concordou.
Mas
não adiantou. Erinaldo, resoluto, comprou cartela com cinqüenta pares de
números para rifar o aparelho de som pela loteria federal. Escolheu a extração
para dali a dois meses, tempo suficiente para ele vender todos os pares de
número.
O
tempo foi passando, passando...Faltava uma semana para o sorteio da loteria e
ele ainda tinha catorze pares de números para vender. Somando a quantidade já
vendida, o valor não chegava nem a um quarto do que ele imaginava obter. O
número de gente que comprou fiado era enorme. Sem contar que já gastara quase
tudo em, nem sabia o quê.
Para
não passar vergonha, resolveu preencher ele mesmo os pares de números
faltantes. Mas tomou o cuidado de não escrever seu próprio nome. Pois, se ele
mesmo ganhasse, todos iriam achar marmelada. Escolheu nomes de parentes, alguns
distantes, que ninguém no bairro conhecia.
OTÁVIO NUNES É JORNALISTA |
No
dia da extração, conferiu o nome do ganhador. Era sua irmã do Parque São
Rafael. Havia escrito o nome dela sem aos menos avisá-la. Neste caso, pensou
Erinaldo, o aparelho de som ficaria consigo mesmo.
Algumas
semanas depois, começaram a correr boatos pela rua. Intrigados, os vizinhos
achavam estranho o som ter sido rifado e mesmo assim ainda continuar na casa do
Erinaldo, que passou a ser tachado de malandro, oportunista.
Preocupado,
ele resolveu consertar o equívoco. Quando ligou para a irmã, seu cunhado, o
Armando Botti, atendeu e ficou feliz em saber que havia ganho um aparelho de
som na rifa. Aconteceu o que Erinaldo temia. Seu cunhado era um caloteiro
contumaz, daqueles que não pagam nem promessa pela vida da mãe. Mesmo assim,
Erinaldo pediu que ele ao menos quitasse o valor da rifa.
No
dia seguinte, Armando Botti, mulher, cinco filhos e mais um amigo, o dono do
carro, estiveram na casa de Erinaldo, onde passaram o dia todo, almoçaram,
jantaram e tomaram muita cerveja. À noitinha, foram embora levando o aparelho
de som. Assim que o carro estava saindo, Erinaldo escutou a voz do cunhado.
“Valeu! Assim que puder, te pago.” (ON)
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ANANIAS, O PRÍNCIPE DO SAMBA-CANÇÃO
O Velho Marinheiro foi logo deixando claro:
"Não
espero nada de ninguém. Se puder ajudar, ajudo.
Se não puder, aviso:
não posso fazer nada por você,
vá procurar adjutório em outra
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Por Orlando Silveira, em "O príncipe do samba-canção"
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