quarta-feira, 4 de maio de 2016

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO NOBLAT


 À CAÇA DO PODEROSO CHEFÃO DA ROUBALHEIRA

04/05/2016 - 02h50


(Por Ricardo Noblat) Quer sinais mais indesmentíveis do fim de um ciclo político?

*O Procurador-Geral da República Rodrigo Janot enviou ao Supremo Tribunal Federal pedido de abertura de inquérito para investigar a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o Advogado-Geral da União José Eduardo Cardozo por suspeita de obstrução da Lava-Jato;

*No chamado inquérito-mãe da Lava-Jato que tramita no Supremo e apura a roubalheira na Petrobras, Janot escreveu: “Pelo panorama dos elementos probatórios colhidos até aqui e descritos ao longo dessa manifestação, essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse”;

*Janot pediu ao Supremo que transforme Lula em réu sob a acusação de que tentou comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró;

*Na próxima sexta-feira, por 16 votos contra cinco, a Comissão Especial do Impeachment recomendará ao Senado que aceite julgar Dilma por crime de responsabilidade, o que poderá resultar na cassação do seu mandato e dos seus direitos políticos;

*Na próxima quarta-feira, dia 11, possivelmente por 60 votos contra 21, o Senado aceitará a recomendação de julgar Dilma. Ela então se afastará do cargo automaticamente, e deverá ser julgada em um prazo máximo de 180 dias. O vice-presidente Michel Temer a substituirá, demitindo todos os atuais ministros e nomeando outros.


Mas o mensalão e o petrolão foram uma coisa só, reconhece Janot.
E, como tal, a chefia do esquema responsável 
pelo maior escândalo de corrupção da história do país deve ter sido exercida
 por uma única pessoa. Quem?


Desta forma, chegará ao fim o ciclo de 13 anos do PT no poder – o mais longo ciclo de um partido político desde a instauração da República no Brasil.

Até aqui, Lula tentou escapar dos efeitos desastrosos da Lava-Jato sobre sua imagem com o argumento de que o juiz Sérgio Moro o persegue.

Doravante terá de arranjar outra desculpa. Quem o denunciou como o eventual cabeça da organização criminosa que saqueou a Petrobras foi o Procurador-Geral da República, nomeado por Dilma.

É o procurador que quer investigá-lo por tentar comprar o silêncio de Cerveró e obstruir a Justiça se fazendo nomear por Dilma para chefiar a Casa Civil da presidência da República.

Lula já não poderá mais dizer que a Lava-Jato se limita a apurar crimes cometidos pelo PT e o governo. Janot denunciou parlamentares de vários partidos, inclusive do PMDB e do PSDB.

Os mensaleiros acabaram condenados pelo Supremo sem que fosse apontado na ocasião o líder da “sofisticada organização criminosa” que tentou controlar parte do aparelho do Estado.

Mas o mensalão e o petrolão foram uma coisa só, reconhece Janot. E, como tal, a chefia do esquema responsável pelo maior escândalo de corrupção da história do país deve ter sido exercida por uma única pessoa.

Quem?


O futuro dirá.

Ricardo Noblat é jornalista

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