terça-feira, 28 de agosto de 2018

E O AMOR SAIU PELA JANELA: CENA III

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Ilustração: Arquivo Google


- Quer saber, Osvaldo?

- Não, Maria. Não quero saber de nada.

- Mas vai saber mesmo assim.

- O que foi dessa vez, mulher?

- Querido: se não fosse sua arrogância, sua vaidade, hoje, estaríamos bem de vida.

- Arrogância, vaidade? Que conversa besta! Nunca fui vaidoso e arrogante.

- Claro: arrogância e vaidade, sim. Você trabalhou com tanta gente importante, mas nunca pediu nada a ninguém, uma promoção, um bom emprego para os filhos. Por arrogância, por vaidade.

- Não é verdade, Maria. Toda vez que pedi alguma coisa para alguém, ouvi promessas, promessas e nada mais.

-- Só que todos os que trabalhavam com você progrediram. E a gente sempre na pior.

-- E a vaidade? Onde ela entra?

-- Ganhava tapinha nas costas, recebia um elogio qualquer e chegava em casa todo pimpão. Você foi um idiota, Osvaldo.

-- Nesse ponto, Maria, você está certa. Sou obrigado a concordar: sou um idiota.

 (ORLANDO SILVEIRA – ATUALIZADO EM  AGOSTO DE 2018)

***

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