EU
NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS
De Raul
Seixas e Paulo Coelho
Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho
sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou para ouvir, ele agradeceu as
moedas
E cantou essa música, que contava uma
história
Que era mais ou menos assim:
Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba
de mais (2x)
Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo para pagarem
seus pecados,
Eu vi,
Eu vi Moisés cruzar o mar vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes
diante do espelho
Eu vi,
Eu nasci
(eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(eu nasci há dez mil anos)
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba
de mais (2x)
Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi conde Drácula sugando o sangue novo
e se escondendo atrás da capa
Eu vi,
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros para floresta
pro quilombo dos palmares
Eu vi,
Eu nasci
(eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(eu nasci há dez mil anos)
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba
demais (2x)
Eu vi o sangue que corria da montanha
quando Hitler chamou toda a Alemanha
Vi o soldado que sonhava com a amada numa
cama de campanha
Eu li,
Eu li os simbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança para poder dançar ciranda
E, quando todos paraguejavam contra o frio,
eu fiz a cama na varanda
Eu nasci
(eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(eu nasci há dez mil anos atrás)
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba
demais
Não, não porque
Eu nasci
(eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(eu nasci há dez mil anos atrás)
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba
demais
Não, não
Eu tava junto com os macacos na caverna
Eu bebi vinho com as mulheres na taverna
E quando a pedra despencou da ribanceira
Eu também quebrei a perna
Eu também,
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E para aquele que provar que eu tou mentindo
eu tiro o meu chapéu
Eu nasci
(eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(eu nasci há dez mil anos)
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba
demais
METAMORFOSE
AMBULANTE
De Raul
Seixas
Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
***
Raul Seixas (1945, Salvador, BA -1989, São
Paulo, SP) foi um músico, compositor e cantor brasileiro, um dos grandes
representantes do rock no Brasil. É conhecido por músicas como “Maluco Beleza”
e “Ouro de Tolo”, que fizeram grande sucesso no país.
Raul Seixas se envolveu com ocultismo,
estudou filosofia e psicologia, o que o fez um dos poucos compositores a tentar
imprimir suas ideias em letras aliadas ao som vibrante do rock, juntamente com
ritmos nordestinos.
Em 1974, criou a Sociedade Alternativa, um
conceito de sociedade livre inspirada no ocultista Aleister Crowley e que foi
tema de uma de suas canções do disco "Gita" (1974).
Raul Seixas enfrentou sérios problemas com o
álcool. Faleceu no dia 21 de agosto de 1989, com apenas 44 anos, vítima de
pancreatite aguda.
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