segunda-feira, 20 de agosto de 2018

CHÁ DAS CINCO: CACASO


muitaviagem.com.br


HAPPY END

O meu amor e eu
nascemos um para o outro
agora só falta quem nos apresente


ESTILOS TROCADOS

Meu futuro amor passeia — literalmente — nos
píncaros daquela nuvem.
Mas na hora de levar o tombo adivinha quem cai.


PASSEIO NO BOSQUE

o canivete na mão não deixa
marcas no tronco da goiabeira
cicatrizes não se transferem


SURDINA

Primeiro o Tenório Jr.
que sumiu na Argentina
Depois quando perigava
onze e meia da matina
veio a notícia fatal:
faleceu Elis Regina!
Um arrepio gelado
um frio de cocaína!
A morte espreita calada
na dobra de uma esquina
rodando a sua matraca
tocando a sua buzina
Isso tudo sem falar
na morte do velho Vina!
E agora a Clara Nunes
que morre ainda menina!
É demais! Que sina!
A melhor prata da casa
o ouro melhor da mina
Que Deus proteja de perto
a minha mãe Clementina!
Lá vai a morte afinando
o coro que desafina...
Se desse tempo eu falava
do salto da Ana Cristina...

***

Resultado de imagem para fotos Cacaso
CACASO


Antônio Carlos de Brito,
Cacaso, nasceu em Uberaba (MG) em 13 de março de 1944 e morreu no Rio de Janeiro em 27 de dezembro de 1987. Foi professor universitário, letrista e poeta.


Depois de viver no interior de São Paulo, mudou-se aos onze anos para o Rio, onde estudou Filosofia. Nas décadas de 1960 e 1970, lecionou Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na PUC-RJ.

Foi colaborador regular de revistas e jornais, como Opinião e Movimento, tendo, entre outros assuntos, defendido e teorizado acerca do cenário poético de seus contemporâneos, a geração mimeógrafo, criadores da dita poesia marginal. Seus artigos estão reunidos em Não quero prosa, publicado em 1997.

Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós. (Fonte: letras .com.br)

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