O DESMAIO
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(Por
Violante Pimentel) Doutor
Fernando era médico e trabalhava no principal hospital público da cidade.
Depois de um casamento de 15 anos, fracassado por infidelidade da mulher,
estava com dificuldade de se acostumar a viver sozinho.
Com os nervos à flor da
pele, fazia grosserias a torto e a direito, como se a humanidade tivesse culpa
da sua situação.
Numa certa manhã, uma
das enfermeiras do hospital, que era irmã de caridade, foi alvo de uma
grosseria inesperada da parte do médico. A freira desmaiou na hora, precisando
de atendimento médico de urgência. Esse
episódio chegou ao conhecimento do Diretor do hospital, que mandou chamar o Dr.
Fernando à sua sala, a fim de prestar esclarecimento sobre o ocorrido. Com
certeza, o caso implicaria na abertura de um processo administrativo
disciplinar contra o profissional.
Ao ser interrogado, o
Doutor Fernando deu a sua versão dos fatos, procurando justificativas para o
seu gesto grosseiro e desrespeitoso para com a freira.
E assim o médico
desabafou:
-- Depois que me
separei da minha mulher, ainda não consegui me conformar com a infidelidade
dela;
-- Eu tinha passado a
noite em claro, como sempre tem acontecido;
-- Às cinco horas da
manhã, com muito frio, pus-me debaixo do chuveiro para tomar banho, e este
pifou na hora em que eu liguei;
-- Fui fazer a barba e
me cortei;
-- Procurei o jaleco
pra vestir e vi que o único que eu tinha em casa estava sujo;
-- Fui pegar o carro na
garagem, e um dos pneus estava baixo;
-- Cheguei ao hospital
atrasado, para o procedimento cirúrgico que eu iria realizar num paciente;
-- Deixei o carro no
estacionamento do hospital e me dirigi à entrada, quase correndo. Tropecei e
caí, sujando ainda mais o jaleco;
-- Muito nervoso,
entrei apressado no hospital e fui interrompido pela Irmã Dorotéia, que trazia
um supositório na mão e, com sua voz gasguita, foi dizendo:
-- Doutor, eu ia
colocar este supositório no paciente do leito 24 , mas ele morreu!!! E o que é
que eu faço agora?”
-- Com os nervos em
pandarecos, eu respondi o que me veio à cabeça naquela hora:
-- Pegue o supositório
e enfie ....!!!!!!!!”
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