BARBA, CABELO E BIGODE
CLÓVIS CAMPÊLO |
Quem disse que
trabalhador não vota em patrão? Fizemos isso a vida toda, movidos pelo
ensinamento de que “eles” sempre estariam mais preparados. Era o tempo do voto
inconsciente. Quanto mais agora, amigos, quando já temos a noção de que
política partidária se faz com acordos e parcerias. Ou se está de um lado, ou
se está do outro. E eu já escolhi, com certeza, de que lado eu quero estar.
Sei também que, para
muitos candidatos, a necessidade da sobrevivência política muitas vezes os joga
para um lado ou para o outro. Armando Monteiro Neto, por exemplo, iniciou-se
como político no PSDB e hoje está no PTB, depois de passar pelo PMDB. Nessa
sopinha de letras, cumpriu três mandatos de deputado federal e um de senador da
República. Paralelamente, por quatro mandatos consecutivos, de 1992 a 2004, foi
presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) e, por
dois mandatos, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ou seja,
um homem preparado e consciente do desenvolvimento do país nas últimas décadas.
O seu pai, Armando de Queirós Monteiro Filho, foi ministro da agricultura no
governo João Goulart, nos anos 60. Foi parceiro político de Miguel Arraes de
Alencar em várias eleições. Na época da ditadura, sempre integrou o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), onde se abrigaram todas as forças de resistência
contra o regime militar. Para mim, existe um mínimo de coerência política nessa
família de banqueiros e usineiros.
Além do mais, para mim,
é essa a maneira mais lúcida de combater o candidato inventado por Eduardo
Campos, antes de morrer. Fico pensando, inclusive, se ainda estivesse vivo, se
o velho Arraes teria permitido ao neto aventurar-se por esse caminho. Além de
saber fazer política Arraes sempre foi fiel aos parceiros escolhidos. Tanto é
assim, que se recusou a trair o presidente João Goulart quando do golpe
militar, em 1964, preferindo ser preso em Fernando de Noronha e deportado para
a Argélia.
Ambicioso e
personalista, o neto nunca teve essa visão maior, sufocando e mantendo sob
controle e domínio as aspirações e pretensões de vários aliados importantes,
entre eles Armando Monteiro Neto.
Assim, o meu voto será
completo. Barba, cabelo e bigode. Dilma Roussef, para presidente; Armando
Monteiro Neto, para governador; e João Paulo de Lima e Silva, o filho do cobrador
de ônibus, para o senado. Pernambuco e o Brasil os merecem. Aceito sugestões,
porém, para deputado federal e estadual. (Recife, setembro 2014)
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