A RECLAMAÇÃO
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(Por
Violante Pimentel) Numa
audiência da Justiça do Trabalho, a reclamante era uma prostituta que, há dois
anos, atendia diariamente no "CABARÉ DA CHIQUITA". Após ser despedida sem justa causa e sem
aviso prévio, e aconselhada por um cliente, a operária do sexo entrou com uma
ação trabalhista contra a dona do cabaré, reclamando o pagamento de horas
extras, aviso prévio, indenização por tempo de serviço, e outros direitos.
Sendo ouvida na
audiência de conciliação e julgamento, disse a reclamante que tinha sido
dispensada sem justa causa e, mesmo assim, durante dois anos, não havia gozado
férias nem recebido horas extras.
A reclamada,
proprietária do cabaré, contestou o pedido de pagamento das horas extras,
argumentando que a reclamante nunca ultrapassara as horas normais de trabalho.
Mesmo assim, a
reclamante, mais uma vez, insistiu no pedido de horas extras, dizendo para o
Juiz:
-- Doutor Juiz, o
Senhor, que é acostumado a frequentar o nosso cabaré, conhece muito bem o
movimento da casa, com aquele entra e sai de homens, para a gente atender fora
de hora, que não há quem aguente, e o pior, sem receber o pagamento das horas
extras. Ainda mais, fui despedida sem
receber aviso prévio.
O Juiz ficou pálido
diante das declarações da reclamante, que, talvez por ignorância, citou o seu
nome como um dos frequentadores do cabaré. O Magistrado não gostou nenhum pouco
dessa atitude saliente da mulher. Sentiu-se ridículo, em meio a uma situação
comprometedora e difícil. Ele teria de procurar, como de praxe, conciliar os
interesses das partes litigantes, para que houvesse um acordo entre elas.
Entretanto, contrariado
com o fato da reclamante, na sua presença, ter citado seu nome como frequentador
do cabaré, o Magistrado não se sentiu mais à vontade para prosseguir com a
audiência. Decidiu, então, suspendê-la, até que outro Juiz o substituísse, e
decidisse a causa com justiça.
Excelente texto! Abraços.
ResponderExcluirAbraços.
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