O vereador dirigiu-se
ao repórter com aquela contundência cínica, típica dos larápios:
-- Posso lhe assegurar,
com absoluta certeza, que nunca, jamais, em tempo algum, recebi dinheiro das
mãos daquele senhor, a quem acusam de praticar toda sorte de malfeitos. Não
nego que o conheço. Estivemos juntos cinco ou seis vezes, se tanto, para tratar
de assuntos de interesse da comunidade. Nada mais.
-- Mas, vereador, há
provas de que todos os meses o senhor recebia mesada, para não contrariar os
interesses do seu, digamos assim, “mecenas”, antigo patrocinador de suas artes.
-- Provas? Que provas?
-- Há fotos e vídeos de
seu principal assessor contando as cédulas e colocando a grana numa maleta,
antes de retornar ao gabinete.
-- Meu caro jornalista:
tenho meus defeitos, mas não minto. O que eu lhe disse? Que nunca recebi
dinheiro das mãos daquele senhor. Não há foto ou vídeo que prove isso. E mais:
nunca soube da existência desses recursos não contabilizados.
-- Eu sei que o senhor
nunca foi buscar o dinheiro pessoalmente, mas seu assessor ia em seu lugar. Por
falar nisso, onde ele está?
-- Sumiu, sem deixar
rastros. A vida é dura na política, a política é o reino da traição. Quem diria
que Pedrinho, a quem desde sempre estendi a mão, pessoa em quem sempre confiei
cegamente, faria uma coisa dessas comigo? Quem diria?
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