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Depois de muitas idas e
vindas, repreensões e ajustes, finalmente, Araújo aprovou o texto elaborado por
Osvaldinho, seu fiel escudeiro, principal assessor de campanha, dublê de
motorista e marqueteiro. E ordenou à secretária que o material fosse enviado ao
maior número possível de pequenos, médios e grandes empresários. Com urgência. Afinal,
até ele, candidato de primeira viagem – tolo metido a esperto –, sabe que não
se faz campanha sem dinheiro. Sua ordem foi cumprida à risca.
Eis o texto
aprovado pelo candidato trapalhão e enviado aos, digamos assim, representantes de nosso setor produtivo:
Nobre empresário:
Venho
por meio dessas mal traçadas linhas me colocar, desde já, à sua disposição.
Ainda não cheguei lá, mas estou esperançoso, animado mesmo. Mas, para chegar
lá, preciso de recursos. Ou seja: de sua ajuda financeira. Não ponho preço,
claro. Cada um contribui como pode. Por isso, gostaria de conversar com Vossa
Excelência. Vou até sua empresa, se preciso.
Tenha
certeza de que Deus lhe dará em dobro – e eu, ao longo do mandato, muitas vezes
mais do que o recebido de Vossa Senhoria. A causa me parece justa, até porque,
eleito, pretendo transformar meu gabinete e escritório político em usinas de
bons negócios para todos os que participarem dessa empreitada, sem descuidar, jamais, dos legítimos interesses de nosso povo sofrido, razão primeira e única de minha
candidatura.
Certo
de seu apoio e grato pela atenção, aguardo ansioso seu retorno.
Receba
meu abraço.
Até
a vitória!
ARAÚJO PINTO E SILVA
O SEU CANDIDATO
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