Ante a absoluta falta
de recursos, apesar de todas suas tentativas de conquistar apoios dos homens e
mulheres de negócios, Araújo – o candidato trapalhão – resolveu investir no
corpo a corpo. Visitava feiras, plantava-se na porta de igrejas em horário de
missa, estendia a mão a todos que por ele cruzavam, dava tapinhas nas costas de
manequim de loja, abraçava postes, comprometia-se com qualquer causa, por mais
estapafúrdia que fosse... Incansável, ficava no ar 18 horas por dia, muitas
vezes só na base da água e do cafezinho gratuito. Sempre tem uma alma boa.
Até que Osvaldinho –
que agora não era mais dublê de motorista e marqueteiro, pela triste razão de
que acabara o dinheiro para abastecer o fusca – teve uma idéia:
-- Araújo, nós vamos
mudar a estratégia, já fizemos muito corpo a corpo, agora será olhos nos olhos:
você vai dar palestras para um público mais qualificado. Consegui a primeira.
Será amanhã, para alunos de Direito daquela faculdade do bairro. Prepare-se,
faça a barba, tome banho bem tomado, descanse durante o dia, para não chegar lá
com essa cara amarrotada. Vai falar sobre suas propostas.
E assim foi feito.
Araújo prometeu lutar por isso e aquilo, não se intimidou ante os que lhe
diziam que aquelas não eram prerrogativas de vereador. Respondia convicto: “Tem
de ter vontade política”. O caldo entornou quando fez aquela que, a seu ver,
seria a declaração mais impactante:
-- Seja quem for o
prefeito, estarei sempre ao seu lado, porque quem está na oposição nada faz,
nada leva. Nem pra si, nem pros outros. Serei sempre situação.
Saiu sob vaias e
xingamentos. Até hoje, não entendeu o motivo.
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