Mareike Valentin - Entrevista Exclusiva
Mesmo nascida na Alemanha, Mareike Valentin traz arraigada em sua sonoridade elementos sonoros genuinamente brasileiros. Isso se deu de modo bastante eficiente por intermédio de sua mãe, que por saudades do Brasil ouvia os grandes nomes de nossa música por horas na cidade alemã de Rheinfelden. Esse hábito rendeu pomposos frutos ao longo da trajetória da artista e hoje encontra-se bastante evidente no debute fonográfico da cantora como pode-se conferir na pauta "Em sensível amálgama sonoro, Mareike Valentim mostra ao que veio" que publicamos recentemente aqui mesmo nesta coluna ao longo da última semana. Homônimo ao seu nome, o primeiro projeto fonográfico da artista conta com a adesão de nomes de peso da música popular brasileira e convidados pra lá de especiais como vimos. Agora, Mareike volta ao nosso espaço para ilustrar mais uma pauta, dessa vez em uma entrevista gentilmente concedida onde aborda diversos assuntos, dentre os quais a receptividade do público ao seu trabalho, a reviravolta profissional que a fez trocar a vida de bancária pela vida artística, suas origem alemã entre outros assuntos como vocês podem conferir nesta entrevista exclusiva. Boa leitura!
Uma curiosidade acerca de sua carreira artística é você ter nascido a mais de 10 mil quilômetros do Brasil e hoje traz em seu canto características muito arraigadas de brasilidade. Existe em sua formação musical alguma reminiscência dos poucos anos que você residiu em Rheinfelden ou a sua formação musical é essencialmente brasileira?
Mareike Valentin - Eu diria que minha influência é fortemente brasileira. Tenho na lembrança algumas cantigas infantis em alemão e me lembro de alguns discos que tinha quando criança, mas como a música brasileira sempre fez parte da minha infância também, acho que esta me influenciou muito mais.
Ao longo de sua carreira você já chegou a voltar à Alemanha para mostrar um pouco da riqueza musical existente no Brasil. Foi durante essas apresentações a sua primeira volta a sua terra natal?
MV - Não, estive na Alemanha em 2005, numa viagem inesquecível com meu avô paterno. Aí sim, tive a oportunidade de retornar às cidades e casas onde vivi, rever amigos e familiares.
Quando foi que você percebeu que era a hora de decidir indelevelmente quanto a sua vida profissional? Qual foi o momento, ao seu modo de ver, que já não era mais possível conciliar a vida de bancária com as suas pretensões artísticas?
MV - Enquanto trabalhava no banco, iniciei a faculdade de música e neste período surgiam muitas oportunidades de fazer cursos fora da minha cidade, inclusive a turnê com o grupo Txai aconteceu no meu período de férias do banco. Mas não era sempre que conseguia conciliar as duas coisas e chegou um momento que recebi o convite para começar a dar aulas de canto na escola onde na época eu era aluna (onde trabalho até hoje), foi aí que decidi que não queria mais perder oportunidades de por causa do emprego na banco. Chutei o pau da barraca! (risos)
Como foi a reação das pessoas mais próximas quando você decidiu abandonar toda a burocracia de um banco para arriscar-se de arte, um universo tão oscilante?
MV - Tenho muita sorte. Meus pais me apoiaram muito e ficaram muito felizes com minha decisão. Meu marido, que só conheci uns meses depois de ter saído do banco, sempre menciona essa minha atitude como algo que ele admira. Tive muito apoio, sempre!
Leandro Braga é um dos grandes nomes de nossa música atestado por toda a sua experiência junto a artistas considerados como referências em nossa música. Como se deu o seu encontro com o maestro e o convite para que ele assinasse a produção e os arranjos do disco?
MV - Foi meu marido quem sugeriu que eu fizesse contato com Leandro, pra pedir que ele fizesse alguns arranjos que, inicialmente, gravaríamos aqui em Blumenau. Nunca achei que Leandro fosse me “dar bola”. Rsrs. Escrevi uma mensagem pelo Myspace e esqueci... depois de alguns dias quase caí de costas quando vi que ele além de ter respondido, ele havia se mostrado interessado em trabalharmos juntos. Daí pra frente nossa parceria e amizade se firmou e depois de um tempo e uma vinda de Leandro à Blumenau, veio o convite pra gravar no Rio. Desde então somos grandes amigos e nossa parceria continua. Leandro veio fazer uma participação especial no show de lançamento do meu CD aqui em Blumenau. Agora em julho devo ir ao Rio fazer uma participação num show dele, e por aí vai...
No álbum existem algumas regravações como “Passas por mim” (Simone Guimarães) e “Menina, amanhã de manhã” (Tom Zé e Perna). Quais os critérios adotados para a escolha dessas regravações que fazem-se presentes em seu álbum?
MV - “Menina, amanhã de manhã” já era uma música que eu adorava. Quando começamos a pensar o repertório foi uma sugestão minha que Leandro aceitou de imediato. Já a “Passas por mim” foi mostrada ao Leandro pela própria Simone, atendendo ao pedido dele de lhe mostrar algumas canções que pudessem vir a fazer parte do disco.
E a escolha das demais faixas como se deu?
MV - Quando decidimos gravar o disco eu já tinha as canções do Pochyua. Queria muito gravá-las. As demais foram garimpadas, gentilmente enviadas pro Leandro e pra mim pelos próprios compositores (assim foi com Zé Renato, Simone Guimarães, Sueli Mesquita). O samba da Telma Tavares foi composto especialmente para este disco, a pedido de Leandro. Um presentaço!
O disco conta com a participação do Zé Renato e do Marcos Sacramento. Ambos os nomes foram sugestões muito bem aceitas ou já era do seu desejo especificamente a participação deles no projeto?
MV - Zé Renato sempre foi um grande ídolo. Já ouvia o Boca Livre ainda na Alemanha, muito nova. Quando Leandro falou sobre as participações que poderíamos ter, e sugeriu os dois, quase morri de tanta felicidade porque nunca imaginei que cantar ao lado destes dois gigantes fosse possível. Foi um sonho. Sacramento eu conhecia há pouco tempo e era encantada com o trabalho dele. Pessoalmente me apaixonei ainda mais, pela gentileza, generosidade e bom humor com que me recebeu.
Como tem sido a receptividade do público por onde você tem levado o álbum? O que há no espetáculo além do repertório do disco que você pode nos dizer?
MV - A receptividade tem sido incrível. Tenho tido retornos muito carinhosos e emocionados. Além das canções do disco canto também uma parceria do Junior Marques (meu parceiro, amigão e pianista que me acompanha sempre) e do Gregory, chamada Bola Dividida, um partido alto super bem humorado, é uma metáfora entre uma relação de um casal e o futebol. O público adora e eu me divirto muito cantando. Outras canções também fazem parte do repertório show, mas tem que assistir o show pra saber! (risos)
Já ouvi de alguns artistas que custeiam seus próprios trabalhos que o termo independente nunca deveria ser aplicado a eles uma vez que é algo que não condiz com a realidade, pois os mesmos dependem de muitos em shows, divulgação e outras situações. Você é uma artista que contou com um apoio em seu projeto mas não deixa de estar inserida em uma gama de artistas que buscam um lugar ao sol remando contra a maré midiática existente. Qual a maior dificuldade em trabalhar desse modo?
MV - Tive a sorte de ter um apoio da Fujiro e também do Fundo Municipal de Apoio à Cultura de Blumenau, mas a maior parte do trabalho, eu diria que 70%, foi realizada com recurso próprio, vindo de muito trabalho (meu e de meu marido). A maior dificuldade no meu caso, é que como não dispunha de verba pra realizar o trabalho todo de uma vez, tive que fazer tudo aos poucos. Entre o primeiro contato com Leandro e o disco pronto, lançado, foram mais de dois anos! Até tive um filho neste meio tempo! Rsrsr Sempre brinco que a gestação do meu disco durou muito mais do que a do Tom, e que o parto (do disco) foi beeem mais difícil e demorado!
Maiores Informações:
Site Oficial - http://www.mareikevalentin.com.br/
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