COISAS DE ONTEM
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(Por Núbia Nonato) Lembro-me
que todo o carnaval íamos para a casa de minha tia o que para nós era uma
viagem.
Morávamos
em São Gonçalo e minha mãe com aquela renque de meninas seguia para o outro
lado da baía. O que para mim era uma aventura, para ela poderia se tornar uma
tortura. Sozinha com cinco meninas, pouco dinheiro na bolsa e muita lábia, ela
levava a gente no bico direitinho. Não havia fricote por nada, ninguém
reclamava e íamos nós e Deus.
Chegávamos
na casa da minha tia completamente extenuadas mas a recepção valia a pena,
biscoitos, leite com achocolatado, gomas e o carinho do Dindo que tinha para
cada uma de nós um apelido.
O
meu apelido? Não acredito na relevância da informação e nem de que forma isso
seria um acréscimo ao texto.
O
apelido? Tsc...porquinha. Como assim o motivo?
Afffff,
o Dindo que aliás era padrinho da minha irmã, mas o Dindo de todas, nos
apelidou por características peculiares. Japinha, amarelinha, zoiuda, Martinha (essa
era afilhada, se safou).
Ele
dizia que meu nariz era de batata e na verdade nem era, mas ele gostava de
implicar comigo. Dindo já se foi há muitos anos, cheguei a visitá-lo no
hospital mas aquela alma alegre já não estava mais lá, somente uma carcaça
frágil, ainda toquei de leve o seu grande nariz de batata.
Deixei
pra chorar depois, sozinha. Armazenei lembranças e a gargalhada dele quando me
deixava enfezada.
Percebo
neste exato momento que o Dindo chegou de mansinho e apertando de leve o meu
nariz de batata (palavras dele), me roubou um suspiro daqueles.
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