quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

NÚBIA NONATO

COISAS DE ONTEM

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(Por Núbia Nonato) Lembro-me que todo o carnaval íamos para a casa de minha tia o que para nós era uma viagem.

Morávamos em São Gonçalo e minha mãe com aquela renque de meninas seguia para o outro lado da baía. O que para mim era uma aventura, para ela poderia se tornar uma tortura. Sozinha com cinco meninas, pouco dinheiro na bolsa e muita lábia, ela levava a gente no bico direitinho. Não havia fricote por nada, ninguém reclamava e íamos nós e Deus.

Chegávamos na casa da minha tia completamente extenuadas mas a recepção valia a pena, biscoitos, leite com achocolatado, gomas e o carinho do Dindo que tinha para cada uma de nós um apelido.

O meu apelido? Não acredito na relevância da informação e nem de que forma isso seria um acréscimo ao texto.

O apelido? Tsc...porquinha. Como assim o motivo?

Afffff, o Dindo que aliás era padrinho da minha irmã, mas o Dindo de todas, nos apelidou por características peculiares. Japinha, amarelinha, zoiuda, Martinha (essa era afilhada, se safou).

Ele dizia que meu nariz era de batata e na verdade nem era, mas ele gostava de implicar comigo. Dindo já se foi há muitos anos, cheguei a visitá-lo no hospital mas aquela alma alegre já não estava mais lá, somente uma carcaça frágil, ainda toquei de leve o seu grande nariz de batata.

Deixei pra chorar depois, sozinha. Armazenei lembranças e a gargalhada dele quando me deixava enfezada.

Percebo neste exato momento que o Dindo chegou de mansinho e apertando de leve o meu nariz de batata (palavras dele), me roubou um suspiro daqueles.





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