Bons tempos, embora sofridos, aqueles em que a gente escrevia cartas para a namorada
distante – cartas derramadas, com juras de amor eterno. Elas, invariavelmente,
começavam assim:
-- Espero que, ao receber esta, estejam todos – sua família e você –
gozando (ops!) de saúde e paz. Etc.
As cartas demoravam a chegar ao destino. Demoravam mais ainda para
retornar, quando retornavam. Uma lástima. O coração aflito, por apaixonado,
pintava e bordava os piores cenários:
-- Será que minha Capitu tem outro?
Quase sempre tinha. Quando não tinha, logo tratava de ter. Muitas vezes,
nem se dava ao trabalho de lhe mandar um bilhete:
Hoje, a situação é ainda mais cruel. A mensagem de despedida -- quando há mensagem de despedida, claro -- é curta e grossa:
-- Fui.
MENSAGEM
De Aldo Cabral e Cícero Nunes
Na interpretação de Maria Bethania
(Publicada em 26/02/2014)
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