QUEM
PODERÁ ENTENDER O MUNDO?
Não somos os donos do mundo.
Muito pelo contrário. Estamos nele inseridos e nem sempre conseguimos entender
a lógica do seu funcionamento. Para complicar ainda mais, a natureza nos deu o
dom do pensamento e da memória. A partir daí, idealizamos e entramos em choque
com o real. Essa angústia é inerente ao ser humano.
Vejam as galinhas, as
maiores amigas do homem (não é o cachorro e nem o uísque). Simplesmente vivem.
Ciscam, poem seus ovos em paz (não sei se curtem a TPM diária, as consequências
da ovulação constante). Não têm preocupações com o comunismo, com as oscilações
das bolsas de valores, não poluem os oceanos e nem os ares. Simplesmente vivem
sem idealizar nada do que seja. Com seus olhos de galinha, não enxergam nada
que não seja a realidade imediata: a comida, os pequenos insetos que as
alimentam, a água para beber, etc. Tudo muito simples.
A complexidade da vida que
inventou fomos nós, os humanos. Adulteramos a natureza, criamos máquinas nem
sempre úteis, evoluimos, perdemos a nossa condição intuitiva e instintiva.
Inventamos a literatura, as religiões, as leis, as regras sociais, os
sentimentos baratos, a angústia e a infelicidade. E ainda nos achamos feitos à
semelhança de algum ser superior existente.
Somos realmente inteligentes
ou a inteligência foi apenas mais um mecanismo diabólico inventado para a nossa
infelicidade?
Sei que não é de bom aviltre
filosofar antes da hora do almoço. Sabe como é: a barriga vazia, a hipoglicemia
podem nos fazer delirar, inventar fantasias, nos trair. Como seres perdidos no
deserto, andamos em cículos sem nos encontrarmos e ficamos a delirar,
imaginando fantasias exóticas e oásis ideais.
Que diabo de mundo é esse
onde o pensamento do ser humano em vez de levá-lo à felicidade cria dicotomias,
guerras fratricidas, inatisfações, violência, artificialismos degradantes.
Sei lá! A vida é curta,
passa depressa e nem sempre devemos alimentar a ilusão de que temos controle
sobre isso tudo.
Imaginem se usassemos mais
de 10% da nossa cabeça animal. Poderia ser muito pior. O mundo é simples se o
entendermos como o vemos, sem idealizações bobas e sem fantasias
construtivistas inúteis.
Não sei se isso é possível,
já que essa crônica besta é mais uma divagação, uma construção teórica sobre o
nada.
Mas que ao menos tentemos
exercitar a simplicidade e a compreensão.
Antes que o outro nos
destrua.
Recife,
2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário