A
FESTA DO FUTEBOL
Clóvis Campêlo |
Haja surpresas e decepções nessa Copa do Mundo.
Dentro e fora do campo. Aqui no Recife, por exemplo, a prefeitura da cidade
pisou na bola ao boicotar a festa. A cidade maurícia terminou por ser a sede
menos animada e menos ornamentada, apesar das invasões de torcedores mexicanos
e norte-americanos. Perdemos, assim, uma boa oportunidade de incrementar
maiores lucros com os turistas amantes do futebol que por aqui chegaram.
Dentro de campo, a percepção de que o futebol da
Península Ibérica entrou em um processo de decadência. Espanha e Portugal
decepcionaram, notadamente a primeira, atual campeã do mundo e da Europa. A
equipe envelheceu física e taticamente. Renovar será preciso.
Em termos de Copa do Mundo, considero a Espanha,
juntamente com a Inglaterra e a França, como as grandes zebras das copas
anteriores por eles vencidas. A Inglaterra, em 1966, vencendo a Alemanha com um
gol duvidoso de Hurst, o qual até hoje é questionado. Curiosamente, na Copa do
Mundo de 2010 a situação se repetiu, sendo, no entanto, anulado o gol inglês.
Foi na Copa de 1966, aliás, que Portugal fez a sua melhor campanha,
conquistando o terceiro lugar. Naquela época, integravam a seleção portuguesa
jogadores nascidos em Moçambique, que era uma possessão portuguesa, como
Eusébio e Coluna. Nunca mais, nem mesmo com Cristiano Ronaldo, os patrícios
repetiram essa façanha no torneio.
Uma outra decepção para mim, na Copa 2014, tem sido
os times africanos. Esperava muito mais, por exemplo, de seleções como Nigéria
e Camarões. Os africanos estagnaram, mesmo tendo jogadores espalhados pelo
mundo e jogando em grandes clubes. Se, em valores individuais, continuam nos
impressionando, deixam-nos com a impressão de que involuíram no que tange às
questões táticas, esquecendo de que o futebol é um esporte coletivo que pede um
espírito de grupo.
Mas, por outro lado, seleções como Costa Rica e
Colômbia surpreendem pelos bons valores individuais e pelo desempenho coletivo.
São agradáveis surpresas. Vamos esperar que na fase do mata-mata, continuem
evoluindo e alcançando posições inéditas no futebol mundial.
No que tange à seleção brasileira, apenas no último
jogo contra Camarões é que nos empolgou, parecendo redescobrir a leveza e a
qualidade técnica que sempre marcaram o nosso futebol. Mas, vale a pena lembra
que os camaronenses, já desclassificados, jogaram abertamente, cedendo para nós
espaços valiosos e que foram bem aproveitados. A Canarinha pareceu que ainda
não atingiu o ponto ideal. Se, porém, mantiver o nível da última atuação e
continuar em um processo evolutivo, poderá se impor e atingir o objetivo, que é
a conquista do hexa campeonato mundial.
Essa é a nossa esperança e a nossa vontade. Dentro
de casa, não podemos e não devemos repetir o fiasco de 1950. Os deuses do
futebol não nos devem repetir essa falseta. Só precisamos fazer a nossa parte.
Recife,
junho 2014
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